Economia

Leia pequenos trechos de <EM>A Geografia do Tempo</EM>

Nesses parágrafos, Robert Levine dá algumas amostras curiosas da relação das pessoas de diferentes culturas com o tempo

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h21.

O livro Uma geografia do tempo, de Robert Levine, consegue mostrar de forma curiosa as diferenças entre pessoas de diferentes culturas. O que é perda de tempo para alguns chega a ser entendido como a melhor conduta por outros. Em países como o Brasil, nunca ser pontual chega a ser sinônimo de sucesso. Afinal, quem toma um "chá de banco": você ou o seu chefe? Leia pequenos trechos, traduzidos livremente, do original em inglês A Geography of Time.

Página XV

"Durante o ano que passei no Brasil, eu ficava
freqüentemente desnorteado, frustrado,

fascinado e obcecado pelos costumes e idéias que os
brasileiros fazem sobre o tempo. A

razão pela qual o conceito de pontualidade dos
brasileiros me confundiu tanto, o que logo

tornou-se evidente, é que ele está inseparavelmente
entrelaçado com valores culturais."

Página 19

"Grande parte das atenções a diferenças individuais
tem centrado no conceito de urgência

o conflito para atingir o máximo possível no menor
período de tempo. Meyer Friedman e Ray

Rosenman descreveram a personalidade de pessoas com
risco cardíaco como sendos impaciente,

com uma tendência para andar e comer rapidamente,
fazer duas coisas ao mesmo tempo e de ter

orgulho em ser pontual."

Página 41

"Em grande parte dos Estados Unidos, manter-se ocupado
é geralmente visto de forma

positiva, enquanto não fazer nada é sinal de
desperdício e vazio. Inatividade é tempo

morto. Até mesmo o momento de lazer, nos Estados
Unidos, é planejado e repleto de eventos."

Página 59

"Por menos do que o preço de uma camiseta, os
consumidores hoje podem comprar um relógio

que é calibrado até o centésimo de um segundo."

Página 63

"O relógio, e não a máquina a vapor, é o principal
motor da era industrial. Em sua relação

a determinadas quantidades de energia, à padronização,
à automatização e, finalmente, ao

seu principal produto, o momento exato, o relógio tem
sido o principal motor da

modernidade. E a cada período ele tem permanecido na
liderança: o relógio é uma marca de

perfeição, que outras máquinas aspiram atingir.

"Países, cidades, até mesmo as vilas da vizinhança
usaram diferentes formas de expressar o

tempo", disse o escritor e cientista comportamental
Ralph Keynes. "Em algumas situações, a

meia-noite era considerada a hora-base; em outras era
o meio-dia, ou o pôr-do-sol. Mesmo

depois da invenção dos relógios mecânicos, viajantes
tinham que reiniciar seus relógios

repetidamente a medida que ia passando de um lugar
para outro."

Página 87

"No Burundi, os compromissos são geralmente regulados
por ciclos naturais. Eles não são

necessariamente agendados em uma hora precisa do dia.
É provável que pessoas que cresceram

em regiões rurais, e que não tiveram acesso à
educação, marquem seus compromissos dizendo,

Okay, te vejo amanhã de manhã quando as vacas saírem
para a ordenha'."

Página 91

"Jean Traore, estudante de Burkina Faso, no leste
africano, considera confuso o conceito de

'tempo perdido'. 'Não existe perda de tempo no lugar
onde eu vivo', observa ele. 'Como pode

alguém perder tempo? Mesmo quando se está apenas
conversando com um amigo, ou sentado por

aí, é o que você está fazendo.' Espera-se que um
responsável habitante de Burkina Faso

entenda e aceite essa visão sobre o tempo, e reconheça
que, o que é realmente desperdício

e até pecado, para alguns é não dedicar tempo
suficiente paras as pessoas na sua vida.

Página 111

"Para os brasileiros, as pessoas que estão sempre
atrasadas para seus compromissos são

aquelas bem-sucedidas, e isso é um fato. Pessoas
importantes mantêm seus subalternos

esperando. Não que a falta de pontualidade seja a
causa do sucesso, mas uma conseqüência. A

falta de pontualidade é uma prova de suas conquistas."

Página 137

"Mesmo uma pessoa com um relógio de primeira linha no
Brasil não consegue cumprir seus

compromissos na hora marcada. Poucas pessoas têm
carro, e o transporte público não é

confiável, para dizer o mínimo. Em mais de uma
ocasião, vi o motorista do ônibus abandonar

o veículo no meio da viagem. Dez minutos depois ele
retorna, dando uma última mordida no

sanduíche e agradecendo a todos pela paciência. Sob
tais condições, todos são forçados a

esperar ou enlouquecer, já que a lentidão acaba se
tornando uma profecia auto-realizável."

Página 212

"Pessoas em ambientes mais dinâmicos estão mais
propensas ao estresse maléfico, como mostra

os altos índices de doenças cardíacas; mas também é
mais provável que essas pessoas atinjam

um confortável padrão de vida e, pelo menos em parte
em razão disso, sintam-se mais satisfeitas com suas
vidas como um todo."

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