Economia

Juros podem terminar 2005 maiores que neste ano

Para a Global Invest, a Selic nominal pode chegar a dezembro de 2005 em 17% ao ano, acima dos atuais 16%, devido à inflação e ao aumento de juros dos EUA

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.

Enquanto o setor produtivo pede que a taxa básica de juros (Selic) continue caindo, algumas projeções já indicam que ela pode inverter sua trajetória e encerrar o próximo ano acima dos atuais patamares. A consultoria Global Invest, por exemplo, projeta uma Selic nominal de 17% ao ano para dezembro de 2005, contra uma previsão de 16% aa para o final deste ano. Enquanto isso, a expectativa média do mercado para o fim de 2005 é de 14,13% aa, segundo o Banco Central (BC) (clique aqui e leia também artigo do presidente do ABN Amro Real, Fábio Barbosa, sobre os juros na revista EXAME).

Dois fatores sustentam a posição da Global Invest. O primeiro é a incerteza quanto à trajetória da inflação, também expressa na ata da 98ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em julho e que decidiu pela manutenção da Selic em 16% ao ano, sem viés. Neste ponto, a maior dúvida refere-se ao preço do petróleo, que pode levar a novos reajustes dos combustíveis, o que pressionaria a economia brasileira como um todo. O barril iniciou agosto cotado a cerca de 44 dólares, bem acima da projeção do BC, que esperava que o preço se estabilizasse, neste ano, em torno de 35 dólares.

O segundo motivo é o aumento da taxa de juros americana, já assinalada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. A Global Invest estima que os juros americanos terminem o ano em 2% ao ano. No final de junho, o Fed elevou a taxa pela primeira vez em quatro anos, de 1% para 1,25% ao ano. "Em dezembro de 2005, os juros americanos devem chegar a 4% ou 4,5%", afirma o economista Alex Agostini, da consultoria. O novo patamar seria mais atraente para os investidores internacionais, prejudicando os países emergentes que, para conter uma fuga de recursos, precisariam elevar suas próprias taxas. Mas há outros efeitos colaterais. A saída de recursos pressionaria o dólar e, por tabela, a inflação, reforçando novamente a necessidade de se recorrer aos juros como política de controle.

Tudo somado, Agostini afirma que a estimativa de que a Selic encerre 2005 em 17% não é irreal. A inércia inflacionária já indica que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano que vem pode ficar acima do núcleo da meta (4,5%). Na Global Invest, por exemplo, a expectativa é que o IPCA feche o ano a 5,5%. Para o economista, se o governo quiser controlar a inflação, pode ser forçado a elevar os juros no primeiro semestre de 2005, reduzindo-os paulatinamente até dezembro. "Pode haver um pico no meio do ano, e depois os juros devem começar a cair", afirma Agostini. Segundo ele, ainda é difícil determinar qual seria o teto da Selic neste processo.

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