Economia

Juros e dólar fecham em alta com desconforto sobre tuíte de Bolsonaro

Tuíte do presidente teve repercussão ruim no mercado; dólar teve maior valor desde 28 de dezembro

Jair Bolsonaro: tuíte causou polêmica até com o mercado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: tuíte causou polêmica até com o mercado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de março de 2019 às 19h13.

Última atualização em 6 de março de 2019 às 19h24.

São Paulo - O mercado de juros voltou estressado do feriado prolongado do carnaval, com taxas em alta nesta quarta-feira, 6, influenciadas pelo desempenho ruim do mercado de moedas emergentes e desconforto com o episódio do tuíte do presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira, no qual publicou um vídeo de conteúdo obsceno e escatológico. Desse modo, as taxas que mais subiram foram as da ponta longa, mais sensíveis aos riscos externo e fiscal.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a sessão estendida em 6,480%, de 6,470% no ajuste de sexta-feira, a do DI para janeiro de 2021 subiu de 7,162% para 7,19%. A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou em 8,34%, de 8,302%, e a do DI para janeiro de 2025 terminou em 8,90%, de 8,842%.

Como a sessão teve início às 13h na B3, a liquidez ficou abaixo do padrão, como esperado. O viés de alta das taxas na abertura foi ganhando força ao longo da tarde, na medida em que o dólar renovava máximas e rompia os R$ 3,80 até a casa dos R$ 3,84. O movimento foi atribuído ao exterior, onde a aversão ao risco penalizou, além das divisas de economias emergentes, também as ações e elevou a demanda pelos Treasuries, após afirmações do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams.

Ele afirmou que a maioria dos riscos à economia americana vem de fora dos Estados Unidos. Com direito a voto nas decisões de política monetária, ele comentou que não tem uma tendência particular para a trajetória dos juros, nesse cenário. Ao mesmo tempo, disse que a paciência do Fed não representa um compromisso para manter a taxa de juros onde está.

O dólar à vista fechou em R$ 3,8347 (+1,41%), maior valor desde 28 de dezembro.

Internamente, repercutiu mal nos mercados o tuíte de Bolsonaro, num momento em que o governo precisa fortalecer sua articulação política para tocar as reformas no Congresso. "O presidente deveria concentrar suas energias em aprovar a reforma da Previdência e não nesse assunto de importância zero", disse um gestor, afirmando ainda que o assunto ganha peso na medida em que os investidores ainda não viram Bolsonaro "colocando sua digital na reforma". "Mais importante seria o governo apresentar logo o texto dos militares e definir quem será o relator da proposta", completou. A expectativa é de que a proposta comece a tramitar na próxima semana, tão logo seja instalada na Câmara a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

O tuíte de Bolsonaro teve grande repercussão negativa na mídia internacional e o PT vai pedir que a Procuradoria-Geral da República investigue o presidente.

Acompanhe tudo sobre:DólarJair Bolsonaro

Mais de Economia

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo

Indústria de alta tecnologia amplia sua produção pela primeira vez desde 2018

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio