Economia

Japão mantém política monetária e não sinaliza mudanças

Dirigentes do BC japonês decidiram manter a meta do juro do bônus do governo de 10 anos em torno de zero e a taxa de depósitos de curto prazo em -0,1%

BC do Japão: BoJ também reiterou a promessa de comprar JGBs num ritmo anual de 80 trilhões de ienes (AFP/Getty Images/Getty Images)

BC do Japão: BoJ também reiterou a promessa de comprar JGBs num ritmo anual de 80 trilhões de ienes (AFP/Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 06h50.

Tóquio - O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) manteve inalterada sua agressiva política de estímulos monetários, após reunião de dois dias concluída nesta quinta-feira, e não deu qualquer indicação de que pretenda fazer mudanças mais adiante, apesar de recente especulação de que a instituição estaria preparando o terreno para elevar juros no próximo ano.

Por 8 votos a 1, os dirigentes do BC japonês decidiram manter a meta do juro do bônus do governo japonês (JGB) de 10 anos em torno de zero e a taxa de depósitos de curto prazo em -0,1%.

O BoJ também reiterou a promessa de comprar JGBs num ritmo anual de 80 trilhões de ienes (US$ 705 bilhões), num gesto visto por investidores como um compromisso com a acomodação monetária.

A decisão veio um pouco mais de uma semana depois de o Federal Reserve (Fed, o BC americano) elevar juros pela terceira vez este ano.

Nas últimas semanas, surgiram rumores de que o BoJ também poderia começar a aumentar juros em 2018, após seu presidente, Haruhiko Kuroda, comentar em novembro sobre possíveis efeitos negativos de taxas muito baixas no sistema financeiro.

Kuroda, no entanto, também disse em várias ocasiões que o BoJ continua muito distante de atingir sua meta de inflação de 2%, o que sugere que ainda pode demorar para haver alterações na política atual.

Goushi Kataoka foi o único dirigente do BoJ a mais uma vez votar contra a manutenção da meta do juro do JGB em zero, repetindo sua visão de que o BC japonês não está fazendo o suficiente para atingir o nível de inflação desejado. Para ele, o BoJ deveria buscar a meta de 2% no ano fiscal que se encerra em março de 2019 e, para isso, precisaria reduzir o juro do JGB de dez anos.

O BoJ atualmente espera atingir sua meta de inflação um ano depois do recomendado por Kataoka, ou seja, em março de 2020.

Em outubro, o núcleo do índice de preços ao consumidor do Japão mostrou alta anual de 0,8%, a maior em dois anos e meio, mas ainda bem abaixo do objetivo de 2%.

Também no encontro deste mês, o BoJ manteve sua avaliação da economia, ao dizer que o Japão "está expandindo moderadamente". Entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) japonês teve expansão anualizada de 2,5%, resultado que marcou o sétimo trimestre consecutivo de crescimento.

Num relatório à parte, o governo japonês também reiterou seu parecer geral da economia, mas apontou alguma melhora em certas áreas.

No documento, o governo elevou sua visão para produção industrial, investimentos de empresas e importações, mas rebaixou sua perspectiva para construção de moradas e investimentos públicos.

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