Japão entra em recessão e perde posto de 3ª maior economia do mundo para Alemanha
Analistas do mercado esperam que o Banco do Japão se afaste de seu regime de juros negativos
Repórter colaborador
Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 05h48.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2024 às 15h20.
O Japão entrou em recessão técnica após recuar novamente de forma inesperada no último trimestre do ano passado, conforme mostraram dados do Banco do Japão (BOJ, o Banco Central de lá) divulgados nesta quinta-feira. A alta inflação restringiu a demanda doméstica naquela. O resultado do PIB dificulta a situação do Banco do Japão para acompanhar a política fiscal do primeiro-ministro Fumio Kishida.
Com o resultado, o Japão foi superado pela Alemanha no ranking das economias mundiais e agora é o quarto colocado, segundo o FMI.
O PIB contraiu-se 0,4% no quatro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior após uma queda de 3,3% no terceiro trimestre do ano passado. O resultado veio bem abaixo da estimativa de economistas de crescimento de 1,4%.
A economia japonesa também recuou 0,1% no quarto trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior após encolher 0,8% no terceiro terceiro trimestre comparando com resultado entre os meses de abril e junho. Isso também foi mais fraco do que as expectativas de expansão de 0,3%.
Consumo fraco
O consumo recuou 0,2% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior; a estimativa era de uma expansão de 0,1%.
Embora a inflação tenha diminuído gradualmente, a chamada "inflação central" - que exclui preços de alimentos e energia - ultrapassou a meta de 2% do Banco do Japão por 15 meses consecutivos. Mesmo assim, o BC japonês segue com o último regime de taxas de juros negativas do mundo (-0,1%).
O PIB mais fraco do que o esperado deve lançar dúvidas sobre a preferência do BC do Japão para que a inflação seja impulsionada pela demanda doméstica, o que é mais sustentável e estável. O banco acredita que os aumentos salariais se traduziriam em uma espiral mais significativa, incentivando os consumidores a gastar.Muitos no mercado esperam que o BOJ se afaste de seu regime de taxas negativas em sua próxima reunião em abril, já que as negociações salariais anuais podem confirmar uma tendência de aumentos significativos.
No entanto, a impressão de crescimento mais fraco do que o esperado sugere que a inflação está prejudicando o consumo doméstico, apesar da perspectiva de salários mais altos - e talvez fortalecendo uma política monetária frouxa por mais tempo.