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Itaipu inaugura unidade de produção de petróleo sintético com energia limpa

Planta piloto gerará material para a fabricação de combustível de aviação

Unidade de produção de petróleo sintético em Itaipu (Divulgação)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 17 de junho de 2024 às 15h29.

Última atualização em 17 de junho de 2024 às 16h30.

A usina de Itaipu inaugura, nesta segunda, 17, uma unidade de produção piloto de petróleo sintético. O material será usado para a produção de SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês).

A planta foi criada pelo Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBIogás) e pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento sustentável, com investimento de R$ 10 milhões feito pelo governo alemão, por meio da agência Giz.

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O local será capaz de produzir, inicialmente, 6 kg por dia de petróleo sintético, chamado de biosyncrude. O material é feito do processamento de biogás e de hidrogênio verde. As duas matérias-primas já são produzidos em unidades de Itaipu. O gás, por exemplo, vem do processamento dos restos de alimentos gerados pelos restaurantes de Itaipu.

O biosyncrude será enviado para a Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde será refinado para gerar SAF. O estado tem potencial para ser um grande produtor de SAF. "O Paraná apresenta um potencial de produção de 15 mil metros cúbicos por ano de SAF a partir do biogás gerado pelas plantas em operação que foram mapeadas em 2022 no estado”, explica Rafael Gonzalez, presidente do CIBiogás.

“Esta é a primeira planta de biosyncrude do país. Seu objetivo é viabilizar economicamente uma rota para a produção de combustíveis verdes a partir da valorização do biogás", diz Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil, que une ações de Alemanha e Brasil em novos combustíveis.

A planta usará tecnologia alemã para produzir petróleo sintético. O consumo deverá ser de até 50 Nm³ de biogás e 53 Nm³/dia de hidrogênio verde por dia, para fabricar 6 kg de byosyncrude.

Como funciona o petróleo sintético?

O petróleo é, basicamente, um hidrocarboneto, ou seja, uma mistura de hidrogênio e carbono. O produto, extraído de reservas no subsolo, é depois refinado para gerar combustíveis, como gasolina, diesel e combustível de aviação. O material também é usado em muitos outros processos, como na fabricação de plástico.

No petróleo tradicional, os dois elementos foram combinados por processos naturais, como a decomposição de seres vivos. No caso de combustíveis sintéticos, a mistura de hidrogênio e carbono é feita por processos químicos sob controle humano. Se essa produção usar energia de origem limpa em sua composição, o processo é considerado ecologicamente correto.

O hidrogênio, por exemplo, pode ser obtido a partir da água, por um processo que usa energia elétrica. Se essa energia tiver origem limpa, como hidrelétrica ou solar, o material ganha o selo de hidrogênio verde.

Já o carbono pode ser capturado de várias fontes, como o gás gerado pela decomposição de lixo ou as emissões de chaminés de fábricas onde há queima de combustíveis. Isso ajuda a reduzir a presença de gás carbônico na atmosfera e, consequentemente, da poluição do ar.

Se o combustível sintético usar carbono capturado do ar, pode ser considerado limpo, pois sua queima devolverá à atmosfera a mesma quantidade do material que já estava antes na atmosfera.

O petróleo sintético pode ser usado como base para a fabricação de diversos combustíveis, como gasolina, diesel e SAF.

Entenda o SAF

O uso de combustível sintético deverá avançar mais rápido na aviação, pois mais de cem países, incluindo o Brasil, assinaram um compromisso, chamado Corsia, para reduzir as emissões do setor.

O acordo prevê duas fases: de 2021 a 2026, os países podem adotar medidas para mitigar emissões de forma voluntária. A partir de 2027, a adoção de medidas será obrigatória, com exceções para países muito pobres ou com baixo número de voos.

Com isso, o SAF, ou combustível sustentável de aviação, é visto como a principal estratégia para reduzir as emissões. No entanto, o SAF ainda é escasso no mercado: em 2024, sua produção deve representar apenas 0,5% do total de combustível de aviação usado no mundo, segundo dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), divulgados no início de junho.

Segundo a Iata, há mais de 140 projetos de produção de SAF anunciados em todo o mundo, que devem entrar em operação até 2030. O SAF pode ser produzido a partir de diversas origens, e o Brasil poderá se tornar um produtor relevante por ter bastante biomassa disponível e por ter expertise em combustíveis verdes, como o etanol e o biodiesel.

O repórter viajou a convite da Giz.

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