Economia

Iraque não aceitou desarmamento pedido, diz ONU

Hans Blix, chefe dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), disse nesta segunda-feira (27/1) que o Iraque não respondeu às principais dúvidas sobre seu programa de armas. Além disso, afirmou Blix, o país impôs condições para garantir a segurança de vôos dos aviões-espiões U2 e falhou ao tentar provar que destruiu reservas […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

Hans Blix, chefe dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), disse nesta segunda-feira (27/1) que o Iraque não respondeu às principais dúvidas sobre seu programa de armas. Além disso, afirmou Blix, o país impôs condições para garantir a segurança de vôos dos aviões-espiões U2 e falhou ao tentar provar que destruiu reservas de antraz. Essas foram as conclusões do relatório da ONU apresentado por ele ao Conselho de Segurança.

O relatório apresentado aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU deve fortalecer os argumentos dos Estados Unidos em favor de uma guerra. Mas também estimulam os países contrários ao conflito, como França e Rússia, que defendem que as inspeções não devem ser interrompidas. A Alemanha, que presidirá o Conselho de Segurança em fevereiro, quer outro relatório para o dia 14 de fevereiro.

"O Iraque parece que não aceitou genuinamente, nem mesmo hoje, o desarmamento que foi pedido", afirmou Blix, durante a apresentação. Para ele, o Iraque colaborou com os inspetores de armas no "acesso, mas não em substância": "Lamentavelmente o dossiê de 12 mil páginas [entregue no dia 7 de dezembro] não parece conter nenhum material novo. O Iraque deve fazer mais esforços para assegurar que seu dossiê é preciso".

O relatório

Segundo a BBC, Blix começou a apresentação do relatório fazendo um breve histórico da inspeção de armas de destruição em massa no Iraque. Explicou que a falta de cooperação das autoridades iraquianas levou à imposição de sanções ao país. Ele lembrou que as inspeções foram paralisadas em 1998 e só foram retomadas no ano passado, quando foi aprovada a Resolução 1441. Desde então, o Iraque apresentou um relatório que deveria conter detalhes sobre todos os programas para o desenvolvimento de armas de destruição de massa pelo país.

O egípcio Mohammad ElBaradei, presidente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), informou que os iraquianos não permitiram aos inspetores verificar informações sobre "os esforços iraquianos de adquirir urânio depois de 1991": "Não temos informação suficiente nesta etapa e precisamos tê-la". ElBaradei afirmou apenas que o Iraque violou a resolução 1441 da ONU, pois pedidos de entrevistas e fornecimento de trabalho para chegar a uma conclusão definitiva sobre o assunto.

O egípcio pediu mais alguns meses para que os inspetores de desarmamento concluam seu trabalho. "Seremos capazes, nos próximos meses, de entregar provas críveis de que o Iraque não tem programas de armas nucleares", disse ele. "Nosso trabalho progride regularmente e devemos ser autorizados a continuar [...]. Esses meses representarão um investimento para a paz porque podem nos ajudar a evitar a guerra."

Blix afirmou que o Iraque não aceitou a solicitação dos inspetores da ONU em relação aos vôos de aviões espiões U2 para tomar imagens aéreas: "O Iraque se negou a garantir a segurança [dos vôos] e certo número de condições não foram cumpridas [...]. O Iraque não aceitou até o momento o nosso pedido. Não houve evidência convincente da destruição [das reservas de antraz]". Segundo ele, há fortes indicações de que o Iraque produziu mais do que declarou e ainda poderia ter reservas de antraz. Blix advertiu o Iraque para que não oculte documentos durante as investigações sobre armas de destruição em massa.

Casa Branca e aliados

Antes do começo da reunião, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que os Estados Unidos pretendem ter provas de que o Iraque está cumprindo integralmente com suas obrigações de desarmamento. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que espera que o Conselho de Segurança dê mais tempo aos inspetores de armas da ONU para que completem seu trabalho no Iraque. "Se precisam de tempo, devem dar o tempo para terminar o trabalho", disse Annan. "Suspeito que o Conselho de Segurança lhes dará esse tempo."

Depois da apresentação, a Casa Branca disse que o relatório do inspetor-chefe mostrou que Bagdá não conseguiu cumprir o desarmamento e que ainda tem armas de destruição em massa. Fleischer afirmou que o processo de inspeção no Iraque vai continuar mas "o tempo das inspeções está se esgotando". Ele não disse por quanto tempo as inspeções devem continuar antes que o presidente George W. Bush decida pela guerra. "O que está claro após o importante relatório de hoje é que o Iraque tem armas de destruição em massa escondidos e que o país não colaborou, o que forçou os inspetores a usar alguns desvios", afirmou Fleischer.

Em Davos, na Suíça, aliados dos Estados Unidos na Europa e no Oriente Médio pressionam a superpotência a conceder mais tempo aos inspetores de armas presentes no Iraque e a só atacar os iraquianos com autorização expressa do Conselho de Segurança. De acordo com a agência de notícias Reuters, os inspetores da ONU no Iraque continuarão procurando programas de armas químicas, biológicas e nucleares nos próximos dias, com a ajuda de informações do serviço de inteligência americano. No entanto, diz um alto funcionário do Departamento de Estado, o Iraque não está cooperando com as investigações nem cumprindo com a resolução que exige o desarmamento do país. "O Iraque não está cumprindo, não está cooperando, e é hora do conselho pensar como vai responder. E esse será o assunto das discussões nesta semana", disse o funcionário em entrevista a repórteres. As inspeções vão continuar nos próximos dias e "as estamos ajudando de várias formas", afirmou o funcionário.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Mercado de trabalho permanece aquecido e eleva desafios à frente

Caged: Brasil criou 232 mil vagas de trabalho em agosto

Pacote de auxílio econômico para companhias aéreas será de R$ 6 bi

Governo autoriza uso de aposentadoria complementar como garantia de empréstimo habitacional