Economia

Investimento estrangeiro cai 19% em 2003 na América Latina

Região foi a única do mundo em que a captação de recursos recuou no ano passado. Brasil e México lideraram queda

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

A América Latina recebeu, em 2003, 19% menos investimentos estrangeiros diretos do que no ano anterior. No ano passado, a região foi alvo de 36,466 bilhões de dólares, ante 44,979 bilhões em 2002. A conclusão é da Comissão Econômica para América Latina (Cepal), que divulgou hoje (20/5) a pesquisa O investimento estrangeiro na América Latina e Caribe - Informe 2003. O documento afirma que a região foi a única do mundo cujos investimentos estrangeiros recuaram na comparação.

Segundo o documento, Brasil e México lideraram a retração. Os mexicanos receberam 10,731 bilhões de dólares no ano passado, ante 14,435 bilhões em 2002. Já as inversões no Brasil baixaram de 16,566 bilhões, há dois anos, para 10,144 bilhões. Para o diretor da Cepal no Brasil, Renato Baumann, a definição de marcos regulatórios firmes, a normatização da atuação de agências reguladoras e a realização de reformas em certos setores econômicos são requisitos para que o país volte a captar inversões externas, sobretudo no segmento de infra-estrutura.

Já o economista Álvaro Calderón, também da Cepal, destaca o aumento das remessas de lucros e outras saídas de recursos da América Latina, decorrentes dos investimentos estrangeiros. Segundo ele, os estrangeiros estão se voltando para setores que não rendem divisas para a região, como o de energia e telecomunicações. Calderón acrescenta que as vantagens dos investimentos estrangeiros são transferência e assimilação de tecnologia, capacitação de recursos humanos e desenvolvimento empresarial. Mas as desvantagens, conforme o economista, são a redução de salários e benefícios sociais e a dependência de importações para montagem de produtos.

Desempenho

Desde 2000, a América Latina registra perda de espaço no interesse de outros países. Entre 1990 e 1994, a região recebeu um total de 15,775 bilhões de dólares. No período de 1995 a 1999, subiu para 60,948 bilhões. Em 2000, atingiu o ápice, com 78,143 bilhões. Desde então, a cifra decresce: 69,534 bilhões em 2001; 44,979 bilhões em 2002; e 36,466 bilhões no ano passado.

O setor de serviços atraiu 58% dos investimentos da região entre 1996 e 2002, conforme a Cepal. Em seguida, vieram os setores industrial (28%) e primário (15%). Os Estados Unidos foram o principal interessado nos latino-americanos, nesse período, respondendo por 32% do dinheiro que chegou, precedendo os espanhóis (19%), Países Baixos (8%), França (4,5%) e Reino Unido (3%). Na outra ponta, a captação dos recursos concentrou-se em seis países entre 1996 e 2002: Brasil (35%), México (23%), Argentina (12%), Chile (8%), Venezuela (6%) e Colômbia (4%).

Apesar da queda do fluxo de recursos, o documento destaca o peso das multinacionais para a economia latino-americana. Entre 2000 e 2002, este tipo de empresa foi responsável por 39% das vendas das 500 maiores companhias da região; 55% das vendas das 100 maiores empresas do ramo industrial; e por 38% das vendas das 100 principais companhias de serviços. Além disso, as multinacionais geraram 42% das exportações dos 200 maiores exportadores instalados na América Latina, além de deter 37% dos ativos dos 100 maiores bancos da região.

Com informações da Agência Brasil.

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