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Indústria de carne vê impacto limitado de suspensão russa

A agência de segurança alimentar da Rússia informou, na segunda-feira, que o país restringirá temporariamente as compras a partir de dezembro

Carne: a Rússia respondeu por cerca de 40% das vendas brasileiras de carne suína no acumulado do ano até setembro (iStock/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 14h47.

São Paulo - A suspensão temporária de importações de carnes bovina e suína do Brasil pela Rússia tende a ser revertida em breve e deve ter impactos limitados para a indústria nacional e a imagem do produto brasileiro no exterior, disseram nesta terça-feira uma associação de exportadores e um analista de mercado.

A agência de segurança alimentar da Rússia, importante importador do produto nacional, informou na segunda-feira que o país restringirá temporariamente as compras das proteínas brasileiras, a partir de 1º de dezembro, alegando a presença de ractopamina em alguns carregamentos --o aditivo é proibido na nação euroasiática.

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A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a avicultura e a suinocultura do Brasil, disse ter recebido com preocupação a decisão russa, mas aposta no trabalho do governo brasileiro para "o pleno e rápido esclarecimento, retomando em breve os embarques".

"As agroindústrias associadas à ABPA respeitam a legislação sanitária da Rússia... O setor está seguro sobre as características de seu produto e garante que a produção de carne suína embarcada não utiliza ractopamina", afirmou a ABPA em nota.

A Rússia respondeu por cerca de 40 por cento das vendas brasileiras de carne suína no acumulado do ano até setembro, segundo dados da ABPA, enquanto os russos representaram cerca de 11 por cento das exportações de carne bovina do país até outubro, de acordo com outra associação, a Abiec.

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e um dos principais no segmento de carne suína.

A produtora e comercializadora de carne Minerva confirmou nesta terça-feira que as vendas da proteína bovina do Brasil para a Rússia serão temporariamente suspensas, e disse que a empresa exportará para a Rússia por unidades da companhia situadas em outros países.

As ações da Minerva operavam em leve alta no início da tarde, após passarem a manhã em baixa, enquanto as da Marfrig subiam mais de 2 por cento, as da BRF tinham alta de mais de 1 por cento, e as da JBS avançavam 1,8 por cento.

"Efeito mercadológico"

Na mesma linha da associação de exportadores, o analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, indicou que o anúncio russo deve ter efeito limitado sobre os embarques brasileiros, uma vez que as compras russas nesta época do ano já são sazonalmente menores dado o congelamento de alguns portos por causa do frio intenso.

"O que coincide com esse bloqueio temporário é que o Brasil exporta pouco para lá (nesta época), porque frio congela a estrutura portuária", disse ele.

"É provável que isso não seja prorrogado, acredito que o Ministério da Agricultura e autoridades do governo devam agir com celeridade para diagnosticar o cenário e fazer um acordo para que isso não se prorrogue", afirmou, lembrando que a Rússia ainda é dependente das carnes brasileiras.

Ele comentou ainda que o embargo temporário se segue a um aumento da alíquota de importação da carne brasileira por aquele país, numa tentativa de proteger a indústria local.

"Nos bastidores, vê-se uma ação para socorrer a cadeia produtora de lá... A carne brasileira estava chegando ao mercado russo muito competitiva. Estávamos observando nossa carne ganhando mais mercado. Então existe aí uma decisão de efeito mercadológico para proteger a indústria nacional (russa)", avaliou o analista.

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Para Pereira, o caso "não é danoso" à imagem da proteína brasileira no exterior, uma vez que a ractopamina, utilizada como um ingrediente à ração animal, é autorizada em outros países.

Procurada pela Reuters, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que representa o setor de carne bovina, disse que não se pronunciará por ora.

A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e o Ministério da Agricultura não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

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