Economia

Indústria brasileira busca estreitar laços com os EUA

Há dez anos países não têm discussão formal sobre liberalização do comércio


	Indústria: Indústria: há dez anos Brasil e Estados Unidos não têm discussão formal sobre liberalização do comércio
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Indústria: Indústria: há dez anos Brasil e Estados Unidos não têm discussão formal sobre liberalização do comércio (Andrey Rudakov/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2013 às 11h51.

Brasília – Uma missão de representantes da indústria embarca hoje (15) para Washington, capital dos Estados Unidos, com o objetivo, entre outros, de discutir um acordo de livre comércio entre os dois países. A viagem, organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), incluirá visita a órgãos do Poder Executivo e ao Congresso norte-americano. A missão participará ainda da reunião anual do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, formado por representantes do setor privado dos dois países.

O gerente executivo de Comércio Exterior da CNI, Diego Bonomo, disse que a agenda comercial entre o Brasil e os Estados Unidos não pode parar em função do momento tenso, causado pelas denúncias de espionagem. “A questão da espionagem é grave e o Brasil faz bem em se posicionar de maneira assertiva. Mas Estados Unidos e Brasil têm momentos de aproximação e distanciamento. A agenda econômica e comercial vem avançando independentemente desses ciclos. Houve distanciamento em 2010 por conta da negociação com Turquia e Irã [o Brasil intermediou acordo para troca de urânio]. No entanto, em 2011, Obama veio ao Brasil e assinou acordos de cooperação comercial”, lembra. Segundo ele, a CNI não se posicionará por enquanto sobre a possibilidade de ter havido espionagem com fins econômicos.

Bonomo explicou que a missão de empresários atuará em Washington partindo da premissa de que será mantida a visita da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos. Desde que o escândalo da espionagem veio à tona, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre o que acontecerá com a viagem, marcada para outubro. “Vamos discutir o que terá de interesse do setor privado nessa visita [da Dilma]”, disse o gerente-executivo. Outro tema em pauta será um acordo comercial envolvendo o mercado brasileiro e o norte-americano.

“Queremos fomentar uma discussão sobre um potencial acordo comercial. Há dez anos os Brasil e Estados Unidos não têm discussão formal sobre liberalização do comércio. A última foi em 2003, na reunião em Miami da Alca [Acordo de Livre Comércio das Américas, que enfrentou dificuldades de implementação]”, destacou. Para Bonomo, o momento é oportuno para retomada da discussão, já que os EUA dão sinais de recuperação da crise econômica. “Eles vão sair com economia aquecida da crise e estão com uma agenda de acordos agressiva. O acordo deles com os europeus pode excluir os brasileiros desses dois mercados. Temos de nos posicionar para não perdê-los”, avalia.

Um indicativo do interesse do país em negociar um acordo com os brasileiros é que no Congresso norte-americano há uma frente de 35 parlamentares criada para discutir a agenda entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente a econômica. “Esses parlamentares querem criar uma comissão só para o Brasil. Esse será o tema discutido [na visita ao Congresso]”, disse Diego Bonomo.

Na visita também serão debatidas questões espinhosas, como a aprovação da nova lei agrícola dos Estados Unidos. A legislação atual, que expira em 30 de setembro, incorpora os subsídios ao algodão concedidos pelo país norte-americano, considerados abusivos pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Atualmente, os EUA fazem pagamentos anuais de US$ 147 milhões ao Instituto Brasileiro do Algodão como forma de compensação. “O ambiente político não é favorável [a uma nova lei que exclua os subsídios], mas vamos marcar nossa posição ou exigir que a compensação continue”, declarou. Outro tema em pauta serão potenciais novas barreiras ao etanol brasileiro.

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