O recorde histórico na produção de veículos em janeiro, quando se registrou um crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2003, não se justifica no apetite do consumidor do brasileiro. Apesar de a indústria nunca ter fabricado tanto em um mês de janeiro (no total, foram 157,3 mil unidades), as vendas despencaram 36,4% em relação a dezembro do ano passado.

Segundo Ricardo Carvalho, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção extraordinária se justifica no aumento das exportações, que registraram um crescimento de 81,2% em relação a janeiro de 2003, e na regularização do prazo de estocagem das concessionárias e indústrias. Com as promoções de fim de ano e a queda nos preços provocada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) entre agosto e dezembro de 2003, o prazo de estoque médio estava em 16 dias, sendo que o padrão histórico é de 25 dias.As pessoas, provavelmente, anteciparam as compras para assegurar o preço mais baixo, já que era esperado o aumento a partir de janeiro, afirmou Carvalho, que advertiu: os carros devem ficar ainda mais caros a partir de março.

Além da volta do IPI ao normal a partir de fevereiro, as despesas com aço que em 2 4 meses sofreu reajustes de 75% - justificariam novas remarcações. Todo aumento de carga tributária afeta as vendas, afirma o presidente da associação.

Segundo estudo da Anfavea, o corte na alíquota do IPI provocou um crescimento na arrecadação federal de 11,8% entre agosto e dezembro de 2003 em comparação à média dos últimos 10 anos do mesmo período. Ou seja, o governo abriu mão de receber a alíquota cheia do imposto mas acabou embolsando 260 milhões reais a mais com a soma de Cofins, Pis e IPI, em razão do aumento de 11,6% nas vendas de veículos nesse período. Apesar de ser considerada positiva pela Anfavea, a experiência não deve se repetir. Não vamos buscar mais formas temporárias de diminuição da carga temporária, disse Carvalho.

A perspectiva de fechar 2004 com um aumento de 7,8% nas vendas internas, anunciada pela associação, se deve à esperança de a tendência na queda de juros se confirmar. Essa é a minha expectativa para melhorar as vendas, afirmou o presidente da Anfavea.