Economia

Indústria aponta interferência ideológica em negociações internacionais

Fiesp e Iedi pedem que governo se concentre em discussões técnicas para acelerar a conclusão de acordos de livre comércio

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h26.

Só haverá sucesso na negociação de acordos de livre comércio entre o Brasil e outros países se o governo abandonar posições ideológicas e se concentrar em questões técnicas. "Não podemos negociar guiados por ideologias", afirmou Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), nesta segunda-feira (4/10), durante o Seminário Negociações Internacionais da Câmara de Comércio Americana (Amcham), em São Paulo.

Enquanto o governo insiste na tese de confrontos entre o Norte, representado pelos países mais desenvolvidos, e o Sul, composto por países emergentes, os industriais procuram ressaltar as oportunidades de negócios que estão sendo adiadas pela falta de liberalização do comércio. "Uma pesquisa do Iedi apontou que três quartos das empresas consultadas enxergam boas perspectivas para os produtos brasileiros na Alca", disse.

Por isso, alguns especialistas defendem a separação entre questões comerciais e interesses diplomáticos. "A política externa pode andar em paralelo com as relações comerciais", afirmou Christian Lohbauer, gerente de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Um exemplo, conforme Lohbauer, é o México. O país mantém relações diplomáticas com Cuba, mas isso não o impede de integrar o Nafta, bloco de livre comércio da América do Norte, composto também pelos Estados Unidos e Canadá.

Segundo Lohbauer, o país acerta mais do que erra em suas posições defendidas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). A falha está, porém, no modo como age em relação aos blocos regionais. Ele afirma que a tentativa de integração entre os países menos desenvolvidos, perseguida pelo governo brasileiro, é antiga e data dos anos 50. "É preciso entender que a situação mudou", diz. O diretor-executivo do Iedi concorda. "Cerca de 60% de nossas exportações vão para países da Alca. Então, temos que acelerar os acordos comerciais", afirma Almeida.

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