Índia pode ter melhor desempenho do BRIC desde 1999
Enquanto o Brasil, a Rússia e a China estão enfrentando obstáculos, o membro mais pobre do grupo está se tornando o queridinho dos investidores
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 21h50.
Talvez a Índia seja o único país do BRIC que continua de pé.
Enquanto o Brasil, a Rússia e a China estão enfrentando obstáculos, o membro mais pobre do grupo de mercados emergentes do Goldman Sachs Group Inc. está se tornando o queridinho dos investidores mundiais.
O FMI prevê que a Índia crescerá mais rapidamente do que cada um dos seus pares do BRIC no ano que vem pela primeira vez desde 1999.
No que vai deste ano, mais de US$ 7 bilhões foram investidos nas ações e nos bonds do país, o que se soma aos fluxos de entrada de US$ 42 bilhões no ano passado.
O índice acionário de referência do país atingiu um recorde no fim do mês passado.
A queda dos preços do petróleo está ajudando o governo a reduzir o déficit orçamentário e dando margem ao banco central para diminuir as taxas de juros.
O esplendor aumenta com as promessas do primeiro-ministro Narendra Modi de facilitar investimentos de empresas na Índia com a determinação do Banco Central, chefiado pelo ex-economista-chefe do FMI Raghuram Rajan, de manter a inflação contida.
Desde que tomou posse em maio, Modi começou a reduzir a burocracia, implorou aos fabricantes que mudassem suas fábricas para seu país e utilizou decretos executivos para pressionar no Parlamento a aprovação de projetos de lei que incentivariam os investimentos em seguros e carvão.
No Banco da Reserva da Índia, Rajan conseguiu sustentar a rúpia depois que a moeda caiu para seu valor mínimo recorde em 2013. Ele então se absteve de reduzir as taxas de juros até o mês passado, quando evidências mostraram que a inflação estava ficando abaixo da meta.
Desafios
Não faltam desafios à Índia, que continua correndo atrás de outros grandes países em desenvolvimento. Seu PIB per capita, de US$ 1.165 em 2013, equivale a menos de um terço do PIB da China, de US$ 3.583, segundo dados do Banco Mundial.
Quando a China estava no nível de desenvolvimento da Índia, o país registrou uma média recorde de crescimento econômico de cerca de 10 por cento durante a década seguinte.
Afetada por blecautes, engarrafamentos e escassez de mão de obra qualificada, poucos analistas projetam que a Índia repita esse desempenho.
Quando o FMI revisou suas previsões econômicas no mês passado, a instituição quase não modificou a perspectiva para a Índia, mas reduziu os prognósticos para este ano e o próximo no Brasil, na Rússia e a China.
O FMI prevê um crescimento de 6,5 por cento no ano que vem, em comparação com 6,3 por cento para a China.
O Brasil foi atingido pelo desmoronamento dos preços de commodities em um momento em que os responsáveis pela sua política econômica enfrentam uma recessão iminente e déficits orçamentários recordes. A maior seca em décadas está redobrando a pressão, e o real se desvalorizou 18 por cento frente ao dólar nos últimos seis meses.
Em um sinal dos tempos, a petroleira estatal que era a queridinha dos investidores, a Petrobras, está atolada em um escândalo de corrupção que, na semana passada, custou o cargo à sua presidente. A empresa ficou aquém das metas de crescimento e agora vale uma fração do seu pico de valor de mercado, de US$ 310 bilhões, atingido em 2008.
Rússia e China
Quanto à Rússia, sua incursão na Ucrânia a transformou em pária nos mercados financeiros, e um coquetel de sanções, queda dos preços do petróleo e fuga de capitais está empurrando o país para uma recessão.
A inflação está avançando no ritmo mais rápido desde 2008, em meio à pior crise cambial desde que o país deu o calote em 1998.
Embora a China esteja se saindo melhor, seus líderes estão combatendo os fluxos de saída de capital, uma pressão depreciativa sobre o yuan e os riscos de colapso do mercado imobiliário e de deflação.
A segunda maior economia do mundo está desacelerando regularmente, e, no ano passado, registrou seu ritmo de crescimento mais lento desde 1990.
“De certo modo, ainda estamos na periferia do perigo, mais do que fora dele”, disse Rajan, o presidente do Banco da Reserva, em entrevista à Bloomberg TV India, no dia 4 de fevereiro. “O que eu vejo na economia indiana é uma recuperação”.
Talvez a Índia seja o único país do BRIC que continua de pé.
Enquanto o Brasil, a Rússia e a China estão enfrentando obstáculos, o membro mais pobre do grupo de mercados emergentes do Goldman Sachs Group Inc. está se tornando o queridinho dos investidores mundiais.
O FMI prevê que a Índia crescerá mais rapidamente do que cada um dos seus pares do BRIC no ano que vem pela primeira vez desde 1999.
No que vai deste ano, mais de US$ 7 bilhões foram investidos nas ações e nos bonds do país, o que se soma aos fluxos de entrada de US$ 42 bilhões no ano passado.
O índice acionário de referência do país atingiu um recorde no fim do mês passado.
A queda dos preços do petróleo está ajudando o governo a reduzir o déficit orçamentário e dando margem ao banco central para diminuir as taxas de juros.
O esplendor aumenta com as promessas do primeiro-ministro Narendra Modi de facilitar investimentos de empresas na Índia com a determinação do Banco Central, chefiado pelo ex-economista-chefe do FMI Raghuram Rajan, de manter a inflação contida.
Desde que tomou posse em maio, Modi começou a reduzir a burocracia, implorou aos fabricantes que mudassem suas fábricas para seu país e utilizou decretos executivos para pressionar no Parlamento a aprovação de projetos de lei que incentivariam os investimentos em seguros e carvão.
No Banco da Reserva da Índia, Rajan conseguiu sustentar a rúpia depois que a moeda caiu para seu valor mínimo recorde em 2013. Ele então se absteve de reduzir as taxas de juros até o mês passado, quando evidências mostraram que a inflação estava ficando abaixo da meta.
Desafios
Não faltam desafios à Índia, que continua correndo atrás de outros grandes países em desenvolvimento. Seu PIB per capita, de US$ 1.165 em 2013, equivale a menos de um terço do PIB da China, de US$ 3.583, segundo dados do Banco Mundial.
Quando a China estava no nível de desenvolvimento da Índia, o país registrou uma média recorde de crescimento econômico de cerca de 10 por cento durante a década seguinte.
Afetada por blecautes, engarrafamentos e escassez de mão de obra qualificada, poucos analistas projetam que a Índia repita esse desempenho.
Quando o FMI revisou suas previsões econômicas no mês passado, a instituição quase não modificou a perspectiva para a Índia, mas reduziu os prognósticos para este ano e o próximo no Brasil, na Rússia e a China.
O FMI prevê um crescimento de 6,5 por cento no ano que vem, em comparação com 6,3 por cento para a China.
O Brasil foi atingido pelo desmoronamento dos preços de commodities em um momento em que os responsáveis pela sua política econômica enfrentam uma recessão iminente e déficits orçamentários recordes. A maior seca em décadas está redobrando a pressão, e o real se desvalorizou 18 por cento frente ao dólar nos últimos seis meses.
Em um sinal dos tempos, a petroleira estatal que era a queridinha dos investidores, a Petrobras, está atolada em um escândalo de corrupção que, na semana passada, custou o cargo à sua presidente. A empresa ficou aquém das metas de crescimento e agora vale uma fração do seu pico de valor de mercado, de US$ 310 bilhões, atingido em 2008.
Rússia e China
Quanto à Rússia, sua incursão na Ucrânia a transformou em pária nos mercados financeiros, e um coquetel de sanções, queda dos preços do petróleo e fuga de capitais está empurrando o país para uma recessão.
A inflação está avançando no ritmo mais rápido desde 2008, em meio à pior crise cambial desde que o país deu o calote em 1998.
Embora a China esteja se saindo melhor, seus líderes estão combatendo os fluxos de saída de capital, uma pressão depreciativa sobre o yuan e os riscos de colapso do mercado imobiliário e de deflação.
A segunda maior economia do mundo está desacelerando regularmente, e, no ano passado, registrou seu ritmo de crescimento mais lento desde 1990.
“De certo modo, ainda estamos na periferia do perigo, mais do que fora dele”, disse Rajan, o presidente do Banco da Reserva, em entrevista à Bloomberg TV India, no dia 4 de fevereiro. “O que eu vejo na economia indiana é uma recuperação”.