Haddad diz que desaceleração da economia devido a juro alto levará a problemas fiscais
Ministro afirma que governo tem tomado medidas impopulares, depois de criticar ações feitas pela gestão Jair Bolsonaro
Agência de notícias
Publicado em 27 de abril de 2023 às 13h35.
Última atualização em 27 de abril de 2023 às 14h57.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad , disse nesta quinta-feira que uma desaceleração da economia relacionada à condução da política monetária levaria a problemas fiscais, e voltou a pedir “harmonização” da ala monetária com a trajetória das contas públicas. Haddad falou em debate no Senado sobre juros, inflação e crescimento, em que estava ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O chefe da autoridade monetária tem sido alvo de críticas de alguns membros e aliados do governo pelo patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%. Por causa do nível elevado, essa taxa tende a restringir a atividade econômica.
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"Se a economia continuar desacelerando por razões ligadas à política monetária, nós vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação será impactada. Eu não tenho como dissociar o monetário do fiscal", disse o ministro.
No mesmo evento, o ex-presidente do BC Armínio Fraga afirmou que o Brasil corre o risco de "desembocar em grande fiasco" com o arcabouço fiscal proposto pelo governo federal. Segundo ele, considerado um dos economistas mais respeitados do país, a aritmética da proposta não fecha.
Haddad afirmou ainda que o governo tem tomado medidas impopulares, depois de criticar ações feitas pelo gestão Jair Bolsonaro durante a campanha de 2022. Segundo Haddad, as medidas do governo anterior somaram R$ 300 bilhões.
"Estamos tomando medidas difíceis de tomar, impopulares. Sobretudo por causa do populismo praticado [ no ano passado ]. Não é fácil tomar medidas impopulares, mas são medidas que sanearam as contas para permitir um horizonte de planejamento maior", disse o ministro.
Entre as medidas de Haddad, estão a volta dos impostos federais sobre gasolina e etanol, que impactou o preço dos produtos na bomba. Durante a sua fala, o ministro também disse que tem recebido diversos setores da economia com dificuldades.
"Nós estamos com vários setores da economia drasticamente afetados. Eu estou a todo o instante recebendo setores econômicos de vários tipos dizendo das dificuldades, vai desde uma Santa Casa até uma companhia aérea, passando pelo varejo. Essa harmonização é imprescindível para a gente a partir do ano que vem crescer com robustez e segurança", disse o ministro.
Recuperar a capacidade do Brasil de investir
O ministro disse ainda é necessário recuperar a capacidade do Brasil de investir, pediu cortes de gastos e voltou a mirar o que chamou de “renúncias fiscais” como um fator a ser combatido de forma a aumentar a captação de recursos pela União.
O ministro afirmou que os conflitos distributivos do Brasil são “severos” e só se equacionam com crescimento econômico.
O ministro da Fazenda também voltou a destacar “vitória importante” com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu ganho ao governo em julgamento de conjunto de ações sobre descontos do ICMS, que, pelas contas da equipe econômica, têm impacto potencial de até R$ 90 bilhões por ano para os cofres federais.