Guedes defende recomposição de eixo político para avançar em privatizações
Ministro afirmou estar "bastante frustrado" com o fato de o governo Jair Bolsonaro não ter conseguido vender nenhuma estatal em dois anos de mandato
Reuters
Publicado em 10 de novembro de 2020 às 11h43.
Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 11h48.
O ministro da Economia, Paulo Guedes , defendeu nesta terça-feira que o atual governo foi eleito para privatizar estatais, mas disse que há acordos no Congresso impedindo ações nessa direção, impondo a necessidade de um novo orquestramento político para dar andamento à pauta.
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"Aí tem acordo político de repente na Câmara, no Senado, que não deixa privatizar. Que história é essa? Então nós precisamos recompor nosso eixo político para conseguirmos fazer as privatizações prometidas durante a campanha", disse ele, ao participar de abertura de evento promovido pela Controladoria Geral da União (CGU).
Guedes não citou parlamentares nominalmente. No fim de setembro, o ministro chegou a dizer que, segundo boatos, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estaria trabalhando com a esquerda para não pautar privatizações.
Nesta manhã, o ministro afirmou estar "bastante frustrado" com o fato de o governo Jair Bolsonaro não ter conseguido vender nenhuma estatal em dois anos de mandato, mas frisou a necessidade de acelerar esse movimento, bem como a venda de imóveis da União, para abatimento da dívida pública.
Ele enfatizou que tanto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quanto a Secretaria de Desestatização têm a missão de dar cabo à tarefa, e que a primeira ação será a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, a Cedae.
Olhando para o portfólio da União, o ministro disse que as estatais valem cerca de 700 bilhões de reais e os imóveis, 1,2 trilhão de reais e que não faz sentido o governo carregar ativos ineficientes enquanto vê os passivos subirem, razão pela qual o plano da equipe econômica era, desde o começo, usar esses recursos para "derrubar" a dívida.
"Aí esses recursos então que eram usados em (pagamento de) juros estariam livres", defendeu. "Se tivéssemos matado a dívida, podíamos estar perfeitamente com esses recursos alocados para fazer transferência de renda para os mais pobres e uma renda até substancial."
Guedes admitiu que, até pela demora nas privatizações, um secretário de sua pasta resolveu ir embora, em referência a Salim Mattar, mas destacou que outro entrou com "muita determinação e mais juventude" --o substituto Diogo Mac Cord de Faria, hoje à frente da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercado.
"Quem sabe ele aguenta o tranco e vai conseguir entregar mais. Só tem que fazer um gol para ganhar porque no outro ficou zero, não fizemos nada", disse.