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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.
O elevado nível de atividade da indústria, uma das grandes preocupações do Banco Central por colocar em risco as metas de inflação, deu sinais de arrefecimento nos últimos três meses de 2004. A desaceleração foi sentida, sobretudo, pelas grandes empresas, segundo sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No quarto trimestre do ano passado, o indicador de crescimento da produção caiu para 57,6 pontos. No trimestre anterior, estava em 60,1. Entre as grandes empresas, o recuo foi de 65,6 pontos para 57,8 pontos na mesma comparação. De acordo com a sondagem, apenas 49% das companhias de grande porte consultadas relataram expansão das atividades nos últimos três meses do ano, sendo que no período anterior, o percentual havia sido de 65%. Entre as pequenas e médias empresas, houve uma ligeira aceleração do ritmo produtivo, e o índice de atividade passou de 57,3 para 57,5 pontos. Os indicadores da CNI variam de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam evolução positiva.
Segundo a CNI, a freada das grandes empresas, que influenciou o índice geral de produção, é ainda mais representativo quando se observa que o quarto trimestre é um período de tradicional aumento das atividades em razão das festas de fim de ano. O faturamento das indústrias também acompanhou o ritmo da produção. O indicador geral de faturamento da CNI caiu de 59,9 pontos para 58,2 pontos entre o terceiro e o quarto trimestres. No caso das grandes empresas, o recuo foi de 66,4 pontos para 61,4 pontos. Já as pequenas e médias mantiveram-se praticamente estáveis, oscilando de 56,5 para 56,6 pontos.
Capacidade instalada
O grau de utilização da capacidade instalada também refletiu a desaceleração industrial. De acordo com a CNI, o nível geral de aproveitamento das fábricas subiu de 76% para a taxa recorde de 77% do terceiro para o quarto trimestre. O preocupante, segundo a CNI, é que o nível de uso das grandes empresas parou de crescer e permanece em 83% desde julho. Embora esse patamar também seja recorde, a manutenção por um período prolongado indica que as maiores companhias estão sentindo a pressão da política monetária do Banco Central.
A pesada carga tributária brasileira continua sendo o principal problema enfrentado pela indústria, mas as taxas de juros e de câmbio ganharam destaque nos últimos meses de 2004. Os juros altos foram apontados como o segundo maior problema do país. A valorização do real vem em terceiro lugar, pois dificulta as exportações.
A freada do mercado interno e a perda de competitividade no exterior levou as companhias a acumularem um estoque maior que o previsto no último terço do ano. O indicador que mede a diferença entre o estoque efetivo e o planejado subiu de 49,6 pontos para 51,3 pontos do terceiro para o quarto trimestres. Para as pequenas e médias indústrias, o indicador oscilou de 48,6 para 50 pontos. Já para as maiores companhias, subiu de 51,5 para 53,8 pontos.