O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta o paradoxo de superar a imagem de paralisia que passa para investidores e a sociedade em geral, apesar dos números positivos da economia. O melhor caminho, segundo análise da Trevisan Consultoria, é construir e implementar efetivamente uma agenda estratégica, capaz de encaminhar as questões que consolidarão o desenvolvimento econômico no longo prazo.

"Parte importante das medidas dessa agenda está paralisada no Congresso desde o final do primeiro semestre", afirma a consultoria, que pertence a Antoninho Marmo Trevisan, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo Lula. Um exemplo seria a discussão sobre as Parcerias Público-Privadas (PPPs), consideradas estratégicas para fomentar os investimentos em infra-estrutura no país.

Segundo a Trevisan, o governo enfrenta duas contradições. A primeira é a de que a economia está evoluindo mais rapidamente que a área social e as reformas a serem votadas no Congresso. "Em síntese, do ponto de vista político e gerencial, o governo não anda na velocidade que a economia andou no terceiro trimestre e não consegue capitalizar os bons resultados", diz a consultoria.

O segundo paradoxo é o ataque dos movimentos sociais e de setores políticos às medidas econômicas, justamente quando elas começam a mostrar exemplos de desenvolvimento do país. "Ao que parece, as pressões sobre a política econômica poderiam ser mais tênues se o governo tivesse conseguido fazer andar a chamada agenda de desenvolvimento", afirma a análise. Por fim, a população dos grandes centros urbanos também estaria descontente, já que a maior parcela da expansão econômica está ocorrendo no interior dos estados, puxado pelo agronegócio e pela migração de empresas.