Governo formaliza consulta ao TCU sobre regra que limita bloqueios no Orçamento de 2024
Ministra do Planejamento, SimoneTebet, quer que órgão se pronuncie para evitar insegurança jurídica
Agência de notícias
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 06h39.
O Ministério do Planejamento formalizou uma consulta ao Tribunal de Contas da União ( TCU ) sobre o limite menor de contingenciamento no Orçamento deste ano. O pedido é feito pela pasta comandada pela ministra Simone Tebet , e não pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda, porque é o ministério dela que coordena a gestão orçamentária e faz os bloqueios de gastos.
Em dezembro, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), já havia formalizado um pedido de manifestação do órgão, mas o entendimento no Tribunal é de que esse pedido só poderia ser atendido após o relatório bimestral de receitas e despesas, de março, quando o bloqueio fosse executado. Agora, com a consulta feita pelo Executivo, ficará mais fácil a elaboração de um parecer.
A ministra Simone Tebet e técnicos da pasta têm o receito de descumprir regras fiscais, com risco até de terem que responder juridicamente, "com o próprio CPF". Por isso, o cuidado redobrado.
Também nesta quarta-feira, Pedro Paulo afirmou que irá apresentar um novo projeto de lei para alterar o arcabouço fiscal e reduzir o teto do bloqueio como quer o ministro da Fazenda. A ideia é diminuir o risco jurídico com essa decisão.
Entenda o caso
A polêmica em torno dos limites de contingenciamentos teve início com o risco de alteração da meta de déficit zero de 2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com receio de que o contingenciamento de R$ 55 bilhões afetasse investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ministros como o chefe da Casa Civil, Rui Costa, foram a Lula pedir a alteração da meta, para que não houvesse os bloqueios.
Logo depois, o Ministério da Fazenda afirmou que o número estava errado e que o bloqueio seria menor, em torno de R$ 23 bilhões, porque era preciso respeitar não só a meta de déficit zero, mas também o piso mínimo de 0,6% do crescimento das despesas, previsto no arcabouço.
Seria preciso, portanto, combinar as duas regras. Esse novo entendimento gerou reação de alidos, como o deputado Pedro Paulo, e também de economistas e especialistas em política fiscal.
No TCU, após o recebimento do pedido feito pelo deputado Pedro Paulo, há uma visão inicial entre integrantes da corte de que o tribunal só poderia tomar uma decisão depois da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, o que só ocorrerá em março.
Nesse relatório o governo Lula terá que tomar a decisão sobre os bloqueios orçamentários, em caso de risco de descumprimento da meta de déficit zero. Antes disso, não há um ato, um fato consumado, para que o Tribunal se posicione.