Exame Logo

Governo busca blindagem para ficar imune à crise

Banco Central reduziu de 3,5% para 2,5% sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano

Edifício do Banco Central: Segundo analistas, medidas são consequência de uma conjuntura internacional desfavorável representada pela queda da demanda na Europa, (Divulgação/Banco Central)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 19h33.

Rio de Janeiro - A crise europeia acendeu sinais de alerta na economia brasileira pelo impacto negativo no crescimento, cuja projeção oficial foi novamente rebaixada nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC), enquanto o governo lança medidas de estímulo a diversos setores.

A autoridade monetária reduziu de 3,5% para 2,5% sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, em sintonia com o mercado financeiro, que nesta semana rebaixou sua projeção de 2,30% para 2,18%.

Segundo analistas, isso é consequência de uma conjuntura internacional desfavorável representada pela queda da demanda na Europa, pela desaceleração da China e pelo baixo crescimento econômico dos Estados Unidos, fatores que reduzem a demanda de produtos brasileiros e agravam a situação da indústria já abalada pela valorização do real frente ao dólar.

''Agora esse cenário nos preocupa, mas não nos amedronta'', disse na quarta-feira a presidente Dilma Rousseff ao anunciar um novo pacote de R$ 8,434 bilhões para estimular a economia mediante compras governamentais.

Esse pacote se soma a outros milionários programas de incentivos fiscais e creditícios apresentados nos últimos meses para ajudar a indústria, um dos motores da economia nacional, e especialmente setores como o automotivo, o têxtil e o de eletrodomésticos.

Dilma disse que o Brasil tem recursos para continuar crescendo, mas pediu à sociedade que tenha consciência da necessidade de manter a disciplina fiscal porque, em sua opinião, ''a situação internacional é diferente''.

''Nós não podemos ter a soberba de achar que podemos brincar à beira do precipício'', alertou a governante, ao ressaltar que o objetivo é ''proteger a produção e os empregos''.


''Sem dúvida há motivos de preocupação porque, ao contrário do ocorrido em 2008, quando a crise estava principalmente no mercado financeiro, agora está mais no campo real'', disse à Agência Efe o economista Felipe Queiroz, da agência de classificação de risco Austin Rating.

Segundo Queiroz, as medidas tomadas pelo governo brasileiro quando começou a crise nos Estados Unidos surtiram efeito porque deram um estímulo ao consumo interno mediante reduções de impostos e das taxas de juros e pela expansão do crédito, mas essas políticas são insustentáveis de maneira indefinida sem reformas de fundo.

''Quem aproveitou esses benefícios para, por exemplo, trocar o refrigerador, não vai trocá-lo agora novamente porque o governo dá mais incentivos'', explica.

Talvez por isso o foco do pacote de ajuda apresentado nesta quarta-feira já não seja o consumo das famílias, mas as compras governamentais de caminhões, ônibus, tratores, ambulâncias e até veículos blindados para as Forças Armadas, complementadas com facilidades de crédito oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A esse programa somou-se nesta quinta-feira o ambicioso Plano Agrícola e Pecuário 2012-2013 apresentado por Dilma, avaliado em R$ 115 bilhões com o objetivo de reforçar o papel do campo como outra das alavancas do crescimento, junto com indústria e serviços.

A economia praticamente se estagnou no primeiro trimestre, quando registrou crescimento de 0,2% frente ao quarto de 2011. O governo busca evitar a todo custo que esse resultado configure uma tendência generalizada de 2012. Para o resto do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não perde o otimismo e espera uma expansão próxima a 4%.

No entanto, os analistas consideram que, embora o mercado interno ainda tenha potencial de crescimento, as medidas de estímulo não deixam de ser um fator paliativo.

''São medidas pontuais que não resolvem o problema de raiz porque o que se precisa não são mudanças conjunturais, mas estruturais'', ressalta Queiroz, referindo-se às reformas tributária, trabalhista e previdenciária, reivindicadas há anos pelos empresários para baratear os custos de produção e melhorar a competitividade internacional.

Veja também

Rio de Janeiro - A crise europeia acendeu sinais de alerta na economia brasileira pelo impacto negativo no crescimento, cuja projeção oficial foi novamente rebaixada nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC), enquanto o governo lança medidas de estímulo a diversos setores.

A autoridade monetária reduziu de 3,5% para 2,5% sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, em sintonia com o mercado financeiro, que nesta semana rebaixou sua projeção de 2,30% para 2,18%.

Segundo analistas, isso é consequência de uma conjuntura internacional desfavorável representada pela queda da demanda na Europa, pela desaceleração da China e pelo baixo crescimento econômico dos Estados Unidos, fatores que reduzem a demanda de produtos brasileiros e agravam a situação da indústria já abalada pela valorização do real frente ao dólar.

''Agora esse cenário nos preocupa, mas não nos amedronta'', disse na quarta-feira a presidente Dilma Rousseff ao anunciar um novo pacote de R$ 8,434 bilhões para estimular a economia mediante compras governamentais.

Esse pacote se soma a outros milionários programas de incentivos fiscais e creditícios apresentados nos últimos meses para ajudar a indústria, um dos motores da economia nacional, e especialmente setores como o automotivo, o têxtil e o de eletrodomésticos.

Dilma disse que o Brasil tem recursos para continuar crescendo, mas pediu à sociedade que tenha consciência da necessidade de manter a disciplina fiscal porque, em sua opinião, ''a situação internacional é diferente''.

''Nós não podemos ter a soberba de achar que podemos brincar à beira do precipício'', alertou a governante, ao ressaltar que o objetivo é ''proteger a produção e os empregos''.


''Sem dúvida há motivos de preocupação porque, ao contrário do ocorrido em 2008, quando a crise estava principalmente no mercado financeiro, agora está mais no campo real'', disse à Agência Efe o economista Felipe Queiroz, da agência de classificação de risco Austin Rating.

Segundo Queiroz, as medidas tomadas pelo governo brasileiro quando começou a crise nos Estados Unidos surtiram efeito porque deram um estímulo ao consumo interno mediante reduções de impostos e das taxas de juros e pela expansão do crédito, mas essas políticas são insustentáveis de maneira indefinida sem reformas de fundo.

''Quem aproveitou esses benefícios para, por exemplo, trocar o refrigerador, não vai trocá-lo agora novamente porque o governo dá mais incentivos'', explica.

Talvez por isso o foco do pacote de ajuda apresentado nesta quarta-feira já não seja o consumo das famílias, mas as compras governamentais de caminhões, ônibus, tratores, ambulâncias e até veículos blindados para as Forças Armadas, complementadas com facilidades de crédito oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A esse programa somou-se nesta quinta-feira o ambicioso Plano Agrícola e Pecuário 2012-2013 apresentado por Dilma, avaliado em R$ 115 bilhões com o objetivo de reforçar o papel do campo como outra das alavancas do crescimento, junto com indústria e serviços.

A economia praticamente se estagnou no primeiro trimestre, quando registrou crescimento de 0,2% frente ao quarto de 2011. O governo busca evitar a todo custo que esse resultado configure uma tendência generalizada de 2012. Para o resto do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não perde o otimismo e espera uma expansão próxima a 4%.

No entanto, os analistas consideram que, embora o mercado interno ainda tenha potencial de crescimento, as medidas de estímulo não deixam de ser um fator paliativo.

''São medidas pontuais que não resolvem o problema de raiz porque o que se precisa não são mudanças conjunturais, mas estruturais'', ressalta Queiroz, referindo-se às reformas tributária, trabalhista e previdenciária, reivindicadas há anos pelos empresários para baratear os custos de produção e melhorar a competitividade internacional.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCrise econômicaCrises em empresasMercado financeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame