Exame Logo

Ganhador do Nobel recomenda taxar ricos para estimular economia

Baixar impostos para impulsionar o investimento é um mito promovido pelo setor privado, garante Abhijit Banerjee

Abhijit Banerjee: vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2019. (T. Narayan/Bloomberg)

Ligia Tuon

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 17h07.

Como estimular a demanda em uma economia? Aumentando impostos em vez de reduzi-los, responde um vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2019.

Baixar impostos para impulsionar o investimento é um mito promovido pelo setor privado, garante Abhijit Banerjee, que levou o prêmio juntamente com Esther Duflo, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e Michael Kremer, da Universidade Harvard, pelo trabalho sobre diminuição da pobreza global. “Isso dá incentivos aos ricos, que já têm toneladas de dinheiro.”

Veja também

Uma abordagem melhor seria subir alguns impostos e distribuir o dinheiro para as pessoas gastarem, disse Banerjee em entrevista realizada na segunda-feira em Nova Déli, onde ele promovia seu livro ‘Good Economics for Hard Times’ (ainda sem tradução no Brasil).

“Não se impulsiona o crescimento cortando impostos, isso se faz dando dinheiro para as pessoas”, argumentou ele. “O investimento reagirá à demanda.”

China, Índia e Indonésia estão entre os países que estão baixando impostos corporativos para estimular o crescimento econômico, diante da perspectiva global desanimadora. Neste mês, o Fundo Monetário Internacional reduziu a projeção para a expansão global em 2019 pela quinta vez consecutiva, para 3%.

Neste ano, a China introduziu cortes de impostos equivalentes a US$ 280 bilhões sobre renda pessoal e lucros corporativos. A Índia surpreendeu ao baixar impostos para pessoas jurídicas no valor de US$ 20 bilhões. A Indonésia planeja diminuir a alíquota tributária para empresas de 25% para 20%.

Cobrar impostos dos ricos se tornou uma questão fundamental para os potenciais candidatos do Partido Democrata na disputa pela Casa Branca contra o presidente Donald Trump, que prometeu mais cortes “substanciais” de impostos no ano que vem.

A crescente desigualdade em países desenvolvidos como os EUA causa revolta e contribui para as tensões comerciais, disse Banerjee. “É inacreditável que, em nome do crescimento, tenham permitido a explosão da desigualdade a este ponto”, acrescentou ele.

Desaceleração na Índia

Na Índia, onde o crescimento recuou para o menor patamar em seis anos, o ganhador do Nobel recomenda que a política pública seja mais expansionista.

Além de baixar os impostos corporativos, o governo indiano adotou várias medidas para reverter a desaceleração, incluindo a retirada de um imposto sobre capital estrangeiro e a facilitação da compra de veículos. O estímulo fiscal intensificou preocupações com a ampliação do déficit orçamentário.

”Diante da queda na demanda, não é ruim o governo ser expansionista”, afirmou Banerjee. “Se a intenção é estimular a demanda e o corte de impostos corporativos não fizer isso — conforme eu antevejo —, então o que se faz?”

Acompanhe tudo sobre:BloombergImpostosNobelPrêmio Nobel

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame