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FT: Nova classe média é chave da vitória no Brasil dividido

São Paulo – Se as pesquisas eleitorais deste ano guardam algo em comum é o retrato de um país polarizado entre Aécio Neves e Dilma Rousseff. Às vésperas do pleito, no domingo, está difícil prever quem será o próximo presidente. Para o jornal britânico Financial Times, em um Brasil dividido, a chave para a vitória […]

Dilma e Aécio durante debate na TV no primeiro turno das eleições, no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

Vanessa Barbosa

Publicado em 24 de outubro de 2014 às 18h24.

São Paulo – Se as pesquisas eleitorais deste ano guardam algo em comum é o retrato de um país polarizado entre Aécio Neves e Dilma Rousseff . Às vésperas do pleito, no domingo, está difícil prever quem será o próximo presidente. Para o jornal britânico Financial Times , em um Brasil dividido, a chave para a vitória será a nova classe média.

Em reportagem publicada nesta sexta-feira, o jornal destaca a ascensão de uma nova classe média baixa, fruto dos anos 2000, a qual caracteriza como “ansiosa para preservar seus ganhos e impaciente com uma classe política ineficaz que parece incapaz de resolver os problemas críticos do país”, como transporte público, educação e saúde.

Segundo o FT, essa nova classe média forma um Brasil diferente daquele que, em eleições passadas, teve de escolher repetidas vezes entre a clássica oposição PT e PSDB. Dilma está prometendo mais do mesmo, diz o jornal, “um mix de prestações sociais e protecionismo, apesar de o país sofrer o seu crescimento mais lento durante seu governo desde o início da década de 1990, incluindo uma recessão técnica no início deste ano”.

Enquanto isso, compara o FT, “Sr. Neves está prometendo um retorno ao mix mais ortodoxo de superávits primários e inflação mais baixa que formou a base da estabilidade econômica do Brasil nos últimos 20 anos, mas que os críticos acusam Dilma de abandonar”.

Para o jornal britânico, as propostas de ambos os candidatos encontram aceitação em públicos diametralmente opostos. Os ricos já têm seu favorito, o tucano Aécio, enquanto os pobres, em grande parte, optaram por Dilma, diz o texto.

A reportagem destaca ainda diferenças regionais de aceitação de ambos candidatos. Dilma, por exemplo, tem maior popularidade no Norte e Nordeste e nas áreas metropolitanas dos Estados brasileiros. Já seu adversário se sai melhor nas regiões Sul e Sudeste, conforme demonstrado no primeiro turno das eleições. Nas capitais, a influência de ambos é quase igual.

Ao longo da reportagem, o FT destaca pontos fortes e contra de cada um. Do lado de Dilma está o combate ao desemprego e a expansão do Bolsa Família, “programa de bem-estar social do PT, que a fez ganhar a lealdade de muitas famílias de baixa renda”. Contra ela: a baixa taxa de crescimento do país e o protecionismo.

Do lado de Aécio Neves, segundo o jornal, está a simpatia do setor empresarial e sua fama de fazer reformas impactantes no setor público, o chamado "choque de gestão", como a remodelação do serviço público de Minas que levou à introdução de estruturas de carreira, com metas de desempenho e bônus.

Contra ele: o que os críticos chamam de “perfumaria”, que faz do choque de gestão um mero "exercício estético", conforme relato da presidente do sindicato dos professores da rede pública de Minas Gerais, Beatriz Siqueira. “O Sr. Neves não fez nada para resolver os salários dos professores, que em alguns casos estão abaixo do salário mínimo”, disse ela ao FT.

Seja qual for a verdade, conclui o jornal, os brasileiros vão descobrir no domingo se “o Sr. Neves estará em condições de aplicar o choque de gestão mais amplo para a nação ou se eles vão voltar ao ‘business as usual’ com Dilma Rousseff”.

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São Paulo – Se as pesquisas eleitorais deste ano guardam algo em comum é o retrato de um país polarizado entre Aécio Neves e Dilma Rousseff . Às vésperas do pleito, no domingo, está difícil prever quem será o próximo presidente. Para o jornal britânico Financial Times , em um Brasil dividido, a chave para a vitória será a nova classe média.

Em reportagem publicada nesta sexta-feira, o jornal destaca a ascensão de uma nova classe média baixa, fruto dos anos 2000, a qual caracteriza como “ansiosa para preservar seus ganhos e impaciente com uma classe política ineficaz que parece incapaz de resolver os problemas críticos do país”, como transporte público, educação e saúde.

Segundo o FT, essa nova classe média forma um Brasil diferente daquele que, em eleições passadas, teve de escolher repetidas vezes entre a clássica oposição PT e PSDB. Dilma está prometendo mais do mesmo, diz o jornal, “um mix de prestações sociais e protecionismo, apesar de o país sofrer o seu crescimento mais lento durante seu governo desde o início da década de 1990, incluindo uma recessão técnica no início deste ano”.

Enquanto isso, compara o FT, “Sr. Neves está prometendo um retorno ao mix mais ortodoxo de superávits primários e inflação mais baixa que formou a base da estabilidade econômica do Brasil nos últimos 20 anos, mas que os críticos acusam Dilma de abandonar”.

Para o jornal britânico, as propostas de ambos os candidatos encontram aceitação em públicos diametralmente opostos. Os ricos já têm seu favorito, o tucano Aécio, enquanto os pobres, em grande parte, optaram por Dilma, diz o texto.

A reportagem destaca ainda diferenças regionais de aceitação de ambos candidatos. Dilma, por exemplo, tem maior popularidade no Norte e Nordeste e nas áreas metropolitanas dos Estados brasileiros. Já seu adversário se sai melhor nas regiões Sul e Sudeste, conforme demonstrado no primeiro turno das eleições. Nas capitais, a influência de ambos é quase igual.

Ao longo da reportagem, o FT destaca pontos fortes e contra de cada um. Do lado de Dilma está o combate ao desemprego e a expansão do Bolsa Família, “programa de bem-estar social do PT, que a fez ganhar a lealdade de muitas famílias de baixa renda”. Contra ela: a baixa taxa de crescimento do país e o protecionismo.

Do lado de Aécio Neves, segundo o jornal, está a simpatia do setor empresarial e sua fama de fazer reformas impactantes no setor público, o chamado "choque de gestão", como a remodelação do serviço público de Minas que levou à introdução de estruturas de carreira, com metas de desempenho e bônus.

Contra ele: o que os críticos chamam de “perfumaria”, que faz do choque de gestão um mero "exercício estético", conforme relato da presidente do sindicato dos professores da rede pública de Minas Gerais, Beatriz Siqueira. “O Sr. Neves não fez nada para resolver os salários dos professores, que em alguns casos estão abaixo do salário mínimo”, disse ela ao FT.

Seja qual for a verdade, conclui o jornal, os brasileiros vão descobrir no domingo se “o Sr. Neves estará em condições de aplicar o choque de gestão mais amplo para a nação ou se eles vão voltar ao ‘business as usual’ com Dilma Rousseff”.

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