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França diz que não há chance no momento de assinar acordo comercial com Mercosul

Maior produtor agrícola da UE, a França tem sido um dos oponentes mais fortes do acordo alcançado em 2019, mas ainda foi ratificado; bloco europeu quer Brasil engajado em pauta ambiental

Greenpeace denuncia 'inação' da França perante desmatamento na Amazônia (Raphael Lafargue/AFP)
FS

Fabiane Stefano

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 15h02.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2021 às 16h04.

Não há chances no momento de a França ratificar um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, disse uma autoridade do palácio presidencial do país nesta segunda-feira. "As condições para repensarmos são numerosas e drásticas e de momento não vemos chance de essas exigências serem cumpridas pelos países em questão", disse a autoridade.

A França, maior produtor agrícola da UE, tem sido um dos oponentes mais fortes da versão atual do acordo com o Mercosul, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o quarto maior bloco comercial do mundo. O acordo foi alcançado em 2019, mas ainda não foi ratificado.

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A França citou preocupações com o risco de um aumento nas exportações agrícolas da América do Sul para a Europa e o impacto do futuro acordo sobre as florestas e o clima.

Antes de acordo com Mercosul, Europa quer Brasil engajado em pauta ambiental

A União Europeia deseja que o Brasil se comprometa com metas de sustentabilidade, entre elas a redução de desmatamento na Amazônia, como uma condição complementar antes de assinar o acordo de livre-comércio com o Mercosul. O bloco europeu propôs uma declaração política à parte, focada no meio ambiente e com metas e objetivos concretos, como condição para seguir com o processo de assinatura e ratificação parlamentar do tratado. Diplomatas negociam os termos do texto com autoridades do governo Bolsonaro.

A Europa aposta na chegada de Portugal à presidência do conselho rotativo da União Europeia para acelerar a negociação e sensibilizar o governo brasileiro. O país ocupa o cargo até junho. Depois, assume a Eslovênia. Por isso, a diplomacia europeia trabalha com “sentido de urgência” para obter a concordância do Itamaraty na declaração complementar.

Na minuta em discussão, o lado europeu reconhece “dificuldades” no tema sustentabilidade, mas reafirma o interesse no acordo Mercosul-UE. A assinatura do acordo só vai ocorrer depois de o conselho da UE aprovar a declaração. Após a assinatura, os parlamentos dos países-membros e o Parlamento Europeu recebem a íntegra do tratado para votação.

“Essa declaração vai servir para restabelecer a confiança dos Estados-membros no acordo”, afirma Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia em Brasília, para quem o fracasso da negociação “seria uma oportunidade perdida muito grande”. “O governo brasileiro tem de responder, tem de trazer soluções e boas notícias no âmbito do desmatamento e da Amazônia. E eles sabem. Nas nossas conversas com o vice-presidente (Hamilton Mourão), com o ministro (Ernesto) Araújo (das Relações Exteriores) e o resto do governo todos aceitam que há essa necessidade.”

(Informações de Reuters e Bloomberg)

 

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