FGV: inflação do campo entra em ciclo de desaceleração
Na prática, os preços dos produtos agrícolas devem mostrar daqui para a frente apenas desacelerações suaves, e não mais quedas bruscas como no passado
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2011 às 18h14.
Rio - A inflação das matérias-primas agrícolas entrou em um novo ciclo de desaceleração. A constatação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, que ao analisar a evolução dos preços das matérias-primas agropecuárias nos últimos dez anos percebeu que a taxa acumulada em 12 meses está em desaceleração nos últimos três meses, até a segunda prévia de maio do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). Isso refletiria o começo de um novo movimento de pressão mais fraca destes preços na inflação, que vai vigorar no curto e no médio prazo.
É consenso entre analistas a previsão de perda de força na inflação das commodities agrícolas nos próximos meses. Mas eles fazem uma ressalva: mesmo com a perspectiva de preços mais baixos no curto e médio prazo, há uma mudança de patamar na evolução desses preços, graças a uma demanda persistente nos cenários doméstico e mundial. Na prática, os preços dos produtos agrícolas devem mostrar daqui para a frente apenas desacelerações suaves, e não mais quedas bruscas como no passado.
Com base em uma série histórica da evolução dos preços das matérias-primas agropecuárias no atacado desde 2001, Quadros constata um movimento cíclico dos preços deste tipo de produto, sendo que as altas chegam a atingir dois dígitos, em um movimento de "repique" acentuado. Até o momento, o ponto mais alto da taxa acumulada em 12 meses foi registrado em março de 2003, com alta de 49,14%. O mais recente ciclo de aceleração de preços das commodities agropecuárias foi iniciado no segundo semestre do ano passado, quando os preços das matérias-primas agropecuárias voltaram a registrar inflação de dois dígitos em sua taxa em 12 meses, atingindo o auge em fevereiro deste ano, quando subiu 33,08%, dentro do IGP-M. "Mas a partir de fevereiro de 2011 esta taxa começou a desacelerar", afirmou o especialista da fundação. De acordo com ele, até a segunda prévia do IGP-M de maio, a taxa acumulada deste tipo de preço foi de 27,39% em 12 meses.
Mesmo com a possibilidade de elevações menos intensas nas cotações, o horizonte em um período de longo prazo é de manutenção de preços em patamares elevados. Para o analista da Agroinvest Corretora, Cleber Bordignon, em 2011 houve uma "mudança de patamar" nas cotações agrícolas. Como exemplo, ele citou os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago, cujos preços médios hoje vão de US$ 13 e US$ 14 o bushel (o equivalente a 27,2 quilos da oleaginosa). "Em anos anteriores, era em torno de US$ 9 a US$ 12. Dá para perceber que o nível de preços mudou", afirmou. Para ele, a forte demanda por commodities agropecuárias pelos setores de alimentação humana e de rações deve ajudar a manter em um patamar elevado os preços das commodities agrícolas no longo prazo.
Rio - A inflação das matérias-primas agrícolas entrou em um novo ciclo de desaceleração. A constatação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, que ao analisar a evolução dos preços das matérias-primas agropecuárias nos últimos dez anos percebeu que a taxa acumulada em 12 meses está em desaceleração nos últimos três meses, até a segunda prévia de maio do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). Isso refletiria o começo de um novo movimento de pressão mais fraca destes preços na inflação, que vai vigorar no curto e no médio prazo.
É consenso entre analistas a previsão de perda de força na inflação das commodities agrícolas nos próximos meses. Mas eles fazem uma ressalva: mesmo com a perspectiva de preços mais baixos no curto e médio prazo, há uma mudança de patamar na evolução desses preços, graças a uma demanda persistente nos cenários doméstico e mundial. Na prática, os preços dos produtos agrícolas devem mostrar daqui para a frente apenas desacelerações suaves, e não mais quedas bruscas como no passado.
Com base em uma série histórica da evolução dos preços das matérias-primas agropecuárias no atacado desde 2001, Quadros constata um movimento cíclico dos preços deste tipo de produto, sendo que as altas chegam a atingir dois dígitos, em um movimento de "repique" acentuado. Até o momento, o ponto mais alto da taxa acumulada em 12 meses foi registrado em março de 2003, com alta de 49,14%. O mais recente ciclo de aceleração de preços das commodities agropecuárias foi iniciado no segundo semestre do ano passado, quando os preços das matérias-primas agropecuárias voltaram a registrar inflação de dois dígitos em sua taxa em 12 meses, atingindo o auge em fevereiro deste ano, quando subiu 33,08%, dentro do IGP-M. "Mas a partir de fevereiro de 2011 esta taxa começou a desacelerar", afirmou o especialista da fundação. De acordo com ele, até a segunda prévia do IGP-M de maio, a taxa acumulada deste tipo de preço foi de 27,39% em 12 meses.
Mesmo com a possibilidade de elevações menos intensas nas cotações, o horizonte em um período de longo prazo é de manutenção de preços em patamares elevados. Para o analista da Agroinvest Corretora, Cleber Bordignon, em 2011 houve uma "mudança de patamar" nas cotações agrícolas. Como exemplo, ele citou os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago, cujos preços médios hoje vão de US$ 13 e US$ 14 o bushel (o equivalente a 27,2 quilos da oleaginosa). "Em anos anteriores, era em torno de US$ 9 a US$ 12. Dá para perceber que o nível de preços mudou", afirmou. Para ele, a forte demanda por commodities agropecuárias pelos setores de alimentação humana e de rações deve ajudar a manter em um patamar elevado os preços das commodities agrícolas no longo prazo.