Fed inicia 1ª reunião de 2018 e a última sob comando de Yellen
O encontro de dois dias terminará amanhã com a divulgação de comunicado, que provavelmente anunciará a continuidade do patamar dos juros
EFE
Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 17h12.
Washington - O Federal Reserve ( Fed ), banco central dos Estados Unidos, começou nesta terça-feira sua primeira reunião sobre política monetária em 2018 - ano em que são esperados três aumentos nas taxas de juros - e a última com Janet Yellen como sua presidente.
O encontro de dois dias terminará amanhã com a divulgação de um comunicado, às 14h (hora local; 17h de Brasília), que não deve apresentar surpresas e muito provavelmente anunciará a continuidade do atual patamar dos juros, de 1,25% a 1,5%.
Yellen participará, portanto, de sua última reunião como presidente do Fed, já que, a partir de fevereiro, será substituída por Jerome Powell, escolhido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para substituí-la.
Desta vez, não haverá a tradicional entrevista coletiva por parte da presidente do banco central americano.
Em dezembro, no seu último pronunciamento à imprensa, Yellen ressaltou que "o mercado de trabalho continuou se fortalecendo e a atividade econômica cresceu em um ritmo sólido", por isso se sentia "bem em relação às perspectivas econômicas" do país.
Em dezembro, o Fed revisou para cima as suas previsões de crescimento para 2017 (em setembro, avaliou alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,4%, e em dezembro mudou para 2,5%) e 2018 (dos 2,1% avaliados em setembro para 2,5%).
Powell assumirá, portanto, com uma boa herança e a missão de administrar o processo de normalização monetária após o multimilionário pacote de estímulo iniciado para revitalizar a atividade econômica após a aguda crise iniciada em 2008.
Analistas do mercado consideram que, devido à melhora da economia americana impulsionada pela reforma fiscal aprovada no final do ano passado, o Fed fará três ajustes monetários ao longo de 2018 para resistir a um previsível superaquecimento da economia.
Apesar de nos últimos anos a inflação ter se mantido abaixo da meta anual de 2%, nos últimos meses começaram a surgir pressões inflacionárias, particularmente em um contexto próximo ao pleno emprego.
Os outros dois grandes indicadores macroeconômicos continuam em registros saudáveis: A taxa de desemprego fechou dezembro em 4,1%, a mais baixa em 18 anos, e o ritmo anual de crescimento do PIB do último trimestre de 2017 ficou em um saudável 2,6%.
"O tempo do Fed em termos de ajuste monetário pode precisar acelerar", afirmou na semana passada William Dudley, presidente do Fed de Nova York e um dos membros do banco central com mais influência.
Por isso, segundo Dudley, não é "uma presunção irracional" que o próximo encarecimento do preço do dinheiro ocorra já na reunião de março.
Outro elemento que o Fed deve discutir nas suas reuniões desta semana é a recente desvalorização do dólar, depois que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, afirmou que defendia "um dólar mais fraco", ainda que depois tenha se retratado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
As palavras de Mnuchin geraram mal estar em outros grandes bancos centrais, provocaram fortes quedas no valor da moeda americana e obrigaram inclusive a intervenção do próprio Trump a favor de um dólar forte.
De fato, o membro do conselho de governo do Banco Central Europeu (BCE) Benoit Coeuré alertou também em Davos que uma possível "guerra de moedas" é a última coisa que o mundo precisa", em referência à forte desvalorização do dólar.
As economias desenvolvidas não deveriam, acrescentou Coeuré, "definir seus tipos de câmbio com fins competitivos".