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Famílias se endividam mais para elevar consumo

Na classe C, a mais afetada pelo processo, volume de dívidas cresceu 8% no ano passado

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

Endividar-se foi o modo que as famílias brasileiras encontraram para aumentar seu consumo no ano passado, segundo pesquisa da consultoria Latin Panel, especializada em varejo. Visitando semanalmente cerca de 8.300 domicílios, os pesquisadores constataram que o volume médio de consumo subiu 6% para uma cesta de 71 produtos. Já os gastos mensais aumentaram 9%. Como a renda média familiar dos entrevistados avançou apenas 4%, a conclusão é que a expansão das compras foi sustentada pelo aumento das dívidas, como o crediário. No período, o nível de endividamento subiu 3%.

De acordo com Margareth Ikeda Utimura, diretora comercial da Latin Panel, 85% das famílias entrevistadas realizaram compras a prazo no ano passado. Cerca de 60% delas possui alguma dívida. "Os empréstimos, financiamentos, parcelamentos e até mesmo a inadimplência foram o modo como as famílias ampliaram seu consumo", diz. A executiva destaca, ainda, o maior número de parcerias entre as grandes redes de varejos e instituições financeiras, a fim de fornecer crédito para os clientes.

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O trabalho também constatou que, com exceção das classes A e B, as demais estão gastando mais do que ganham. O gasto médio mensal das famílias dos grupos A e B ficou em 2 256 reais no ano passado, contra uma renda média familiar de 2 278 reais. Na classe C, os gastos somaram 1.369 reais, para uma renda de 1.255 reais. Entre as camadas D e E, o gasto médio foi de 926 reais, ante um rendimento de 910 reais.

Classe C

A classe C respondeu por 33% do consumo no ano passado, a população A e B, 22%, e as classes D e E, 45%. Com renda familiar na faixa de 4 a 10 salários mínimos, a classe foi a que mais se endividou. O nível de endividamento dessa parcela de consumidores subiu 8%. O volume médio de compras cresceu 7%, contra um gasto médio 10% maior.

Para Margareth, esse comportamento é explicado pela diferença entre as aspirações e a capacidade de compra da classe C. "Esses consumidores têm desejos semelhantes aos das classes A e B, mas sua renda está mais próxima das camadas mais baixas", diz. Por isso, o comportamento de compras a prazo é semelhante às famílias de maior poder aquisitivo. A classe C financia mais a compra de móveis, por exemplo, que as classes A e B (46% das respostas, ante 44%); parcelam os eletrodomésticos na mesma proporção (54% das respostas para ambas as classes); e ficam pouco atrás no crédito de vestuário (56% ante 58% da A e B). Também estão perto nas compras parceladas em supermercados (30% ante 34%).

Perspectivas

Segundo Margareth, a expansão do consumo em 2005 superou as expectativas, em razão de o ano ter registrado uma série de turbulências políticas, que sempre reduzem a confiança dos consumidores, e pela rigidez da política monetária, que manteve a taxa básica de juros elevada.

Apesar disso, a maior oferta de crédito, além do aumento do nível de emprego e uma discreta melhora na renda dos trabalhadores contribuíram para estimular o consumo. A dúvida, agora, é por quanto tempo as famílias ainda conseguirão se endividar para ampliar as compras. "De qualquer modo, as expectativas ainda são favoráveis, por estarmos em um ano de eleições, Copa do Mundo e tendência decrescente dos juros. As perspectivas de consumo para 2006 ainda são positivas", afirma Margareth.

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