Famílias endividadas puxam países em crise para o fundo do poço
Estudo do FMI mostra que recessões são piores quando famílias estão muito endividadas; no Brasil, endividamento cresce, mas ainda não é problema
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2012 às 17h05.
São Paulo – O que a dívida das famílias tem a ver com a crise mundial? Segundo um estudo do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), quanto maior o endividamento das famílias, pior será a recessão.
Depois de analisar o comportamento de economias avançadas durante períodos de crise, o FMI concluiu que as recessões são mais severas e prolongadas quando precedidas por aumento expressivo do nível de endividamento das famílias.
“A queda no consumo das famílias e no PIB real são substancialmente maiores, o desemprego aumenta mais e a redução da atividade econômica persiste por pelo menos cinco anos”, diz o estudo .
Esse é o caso da última crise mundial, que já se arrasta por quase cinco anos e foi precedida pelo alarmante aumento das dívidas das famílias.
Segundo o FMI, entre 2002 e 2007 o endividamento das famílias em economias avançadas subiu 39 pontos percentuais e atingiu 138% da renda. Em países como Dinamarca, Islândia e Irlanda, o endividamento chegou a ser três vezes maior que a renda familiar.
O processo de redução do endividamento das famílias – por meio do pagamento das dívidas ou de calote – já começou, diz o Fundo, principalmente nos Estados Unidos. Ainda assim, nível de endividamento continua elevado.
Nas principais economias avançadas, como Estados Unidos, Japão e Alemanha, as dívidas das famílias representam, em média, 77% do PIB, segundo dados do McKinsey Global Institute.
Já os emergentes apresentam índices muito menores de endividamento. No Brasil, o endividamento das famílias brasileiras corresponde a 15% do PIB – cinco vezes abaixo da média dos países desenvolvidos.
“O nível de endividamento das famílias brasileiras tem crescido muito nos últimos anos, mas é relativamente baixo quando comparado a outros países desenvolvidos e mesmo entre os emergentes”, diz Mariana Oliveira, economista da Tendências Consultoria.
Segundo dados do Banco Central (BC), o endividamento das famílias brasileiras é o maior da série histórica, iniciada em 2005, e equivale a 42,7% da renda acumulada em 12 meses.
"O histórico de juros elevados no Brasil é um dos principais fatores que limitam um avanço maior no nível de endividamento das famílias”, diz Daniel Lima, analista da Rosenberg & Associados.
Isso porque os juros – e também os prazos dos financiamentos – afetam diretamente o comprometimento de renda com o pagamento das dívidas.
Os números do BC mostram que as famílias brasileiras gastam hoje 22% da renda mensal para amortizar dívidas e pagar juros. Um ano atrás, o comprometimento de renda era de 20%.
A inadimplência para pessoa física também está um pouco acima da média histórica – que é de 7%. “Esses dados acendem uma luz amarela, mas o nível de comprometimento de renda não indica um risco de crédito muito grande”, afirma Mariana.
Para o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, o aumento do endividamento e da inadimplência no Brasil “não implica em riscos para o sistema”. “Temos um provisionamento absolutamente adequado nos bancos”, disse ao apresentar o relatório trimestral de inflação, no fim de março.
Segundo Araújo, o avanço do endividamento reflete a expansão do crédito no Brasil – que passou de 25% do PIB em 2005 para quase 50% em 2012 –, o aumento da formalização no mercado de trabalho e o maior acesso das famílias brasileiras aos serviços bancários.
São Paulo – O que a dívida das famílias tem a ver com a crise mundial? Segundo um estudo do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), quanto maior o endividamento das famílias, pior será a recessão.
Depois de analisar o comportamento de economias avançadas durante períodos de crise, o FMI concluiu que as recessões são mais severas e prolongadas quando precedidas por aumento expressivo do nível de endividamento das famílias.
“A queda no consumo das famílias e no PIB real são substancialmente maiores, o desemprego aumenta mais e a redução da atividade econômica persiste por pelo menos cinco anos”, diz o estudo .
Esse é o caso da última crise mundial, que já se arrasta por quase cinco anos e foi precedida pelo alarmante aumento das dívidas das famílias.
Segundo o FMI, entre 2002 e 2007 o endividamento das famílias em economias avançadas subiu 39 pontos percentuais e atingiu 138% da renda. Em países como Dinamarca, Islândia e Irlanda, o endividamento chegou a ser três vezes maior que a renda familiar.
O processo de redução do endividamento das famílias – por meio do pagamento das dívidas ou de calote – já começou, diz o Fundo, principalmente nos Estados Unidos. Ainda assim, nível de endividamento continua elevado.
Nas principais economias avançadas, como Estados Unidos, Japão e Alemanha, as dívidas das famílias representam, em média, 77% do PIB, segundo dados do McKinsey Global Institute.
Já os emergentes apresentam índices muito menores de endividamento. No Brasil, o endividamento das famílias brasileiras corresponde a 15% do PIB – cinco vezes abaixo da média dos países desenvolvidos.
“O nível de endividamento das famílias brasileiras tem crescido muito nos últimos anos, mas é relativamente baixo quando comparado a outros países desenvolvidos e mesmo entre os emergentes”, diz Mariana Oliveira, economista da Tendências Consultoria.
Segundo dados do Banco Central (BC), o endividamento das famílias brasileiras é o maior da série histórica, iniciada em 2005, e equivale a 42,7% da renda acumulada em 12 meses.
"O histórico de juros elevados no Brasil é um dos principais fatores que limitam um avanço maior no nível de endividamento das famílias”, diz Daniel Lima, analista da Rosenberg & Associados.
Isso porque os juros – e também os prazos dos financiamentos – afetam diretamente o comprometimento de renda com o pagamento das dívidas.
Os números do BC mostram que as famílias brasileiras gastam hoje 22% da renda mensal para amortizar dívidas e pagar juros. Um ano atrás, o comprometimento de renda era de 20%.
A inadimplência para pessoa física também está um pouco acima da média histórica – que é de 7%. “Esses dados acendem uma luz amarela, mas o nível de comprometimento de renda não indica um risco de crédito muito grande”, afirma Mariana.
Para o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, o aumento do endividamento e da inadimplência no Brasil “não implica em riscos para o sistema”. “Temos um provisionamento absolutamente adequado nos bancos”, disse ao apresentar o relatório trimestral de inflação, no fim de março.
Segundo Araújo, o avanço do endividamento reflete a expansão do crédito no Brasil – que passou de 25% do PIB em 2005 para quase 50% em 2012 –, o aumento da formalização no mercado de trabalho e o maior acesso das famílias brasileiras aos serviços bancários.