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Fábricas italianas vão para o exterior para cortar custos

País enfrenta um luta para reviver a produção e sua economia, que continuou em recessão no segundo trimestre

Trabalhadores costuram estofamento de couro para o interior dos carros da Lamborghini em uma fábrica em Sant'Agata Bolognese, perto de Bologna, na Itália (Alessia Pierdomenico/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 15h25.

Roma - No início deste mês, Fabrizio Pedroni desejou a seus funcionários um feliz feriado de verão e disse a eles que voltassem a trabalhar em três semanas. Naquela noite, ele começou a desmontar sua fábrica de componentes elétricos no norte da Itália e a enviar suas máquinas para a Polônia.

"Se eu lhes dissesse antes sobre algum plano para mudar a produção para o exterior, eles teriam ocupado a minha fábrica e apreendido todas as minhas coisas", disse Pedroni em uma entrevista por telefone, em 21 de agosto. "A verdade é que eu queria que meu negócio sobrevivesse e não existiam as condições certas para que eu operasse na Itália por mais tempo."

A notícia de que a Firem Srl, com sede em Formigine perto de Modena, estava se mudando para o Leste da Europa atingiu os 40 funcionários tarde demais. No dia 13 de agosto, 11 dias após Pedroni ter ativado seu plano, um grupo de funcionários, suspeitando dos movimentos ao redor da fábrica, correu para as portas do local a tempo de parar o último dos 20 caminhões com máquinas embaladas. A mudança da Firem tornou-se uma controvérsia nacional e o destino de seus trabalhadores ainda é incerto.

A perda da fábrica ressalta a luta que a Itália enfrenta para reviver a produção e sua economia, que continuou em recessão no segundo trimestre, mesmo com a maior parte da zona do euro tendo voltado a crescer. No ranking do World Economic Fórum, sobre a produção e mercado global, a Itália está no posto 128, um escalão abaixo de Burkina Faso, enquanto a Polônia está no degrau 39.

Empresa familiar

Pedroni, 49, agora teme por sua vida depois de receber várias ameaças contra ele e sua família. Ele diz que não vai mudar de ideia sobre a escolha que fez para a empresa que foi aberta, pela primeira vez, por seu avô após a Segunda Guerra Mundial. Ele não está sozinho. Empresas italianas, como a Fiat SpA, e a Indesit Co. SpA, fabricante de fornos e geladeiras, estão mudando as linhas de produção para o exterior para cortar custos.


Escapar “foi certamente discutível e prejudicou, irremediavelmente, as relações com seus empregados e com a comunidade, mas como muitos empresários fizeram antes dele, ele abandonou o barco chamado Itália porque era a única maneira de sobreviver", disse Carlo Alberto Carnevale Maffe, professor de estratégia de negócios da Universidade Bocconi, de Milão. "Na Itália, a maioria das empresas, como a Firem, tem registrado perdas por pelo menos cinco anos."

De acordo com Pedroni, cuja fábrica fica perto da sede da montadora de luxo Ferrari SpA, sua decisão foi forçada por fatores que vão desde a concorrência estrangeira aos custos trabalhistas e impostos mais altos.

Tensão trabalhista

A Firem teve um faturamento de cerca de 3 milhões de euros (US$ 4 milhões), no ano passado, mas não registra lucro desde 2008, disse Pedroni, que abriu sua nova fábrica polaca esta semana e não tem planos de voltar para a Itália tão cedo, dadas as tensões com os trabalhadores. Ele não compareceu a uma reunião com os sindicatos e as instituições locais, dia 20 de agosto, na prefeitura de Formigine.

A Firem “implementou um movimento que eu chamaria de, no mínimo, clandestino", disse o legislador Matteo Richetti, membro do Partido Democrata do Primeiro-Ministro Enrico Letta, ao Parlamento em 19 agosto. "Eu sou a favor da liberdade de mercado, o que significa que se pode mover uma empresa para qualquer lugar que se queira, mas isso deve acontecer após notificação do pessoal e da comunidade local."

Transferência da Indesit

Embora as grandes empresas possam não ter a capacidade de se mover na velocidade de Pedroni, elas também estão deslocando pelo menos parte de sua produção para o exterior. A Indesit disse em junho que planeja cortar 1.400 empregos, ou um terço da sua força de trabalho, enquanto transfere sua produção para a Polônia e a Turquia. A Fiat, que não desconhece os confrontos com os sindicatos sobre a redução de empregos e transferências, emprega mais de 4.000 trabalhadores em sua fábrica de Tychy, na Polônia.

"Muitos dos meus colegas me ligaram para dizer que eu estava certo e era corajoso de fazer isso", disse Pedroni sobre seu movimento. "Eu não sou o primeiro a ir e não serei o último."

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Roma - No início deste mês, Fabrizio Pedroni desejou a seus funcionários um feliz feriado de verão e disse a eles que voltassem a trabalhar em três semanas. Naquela noite, ele começou a desmontar sua fábrica de componentes elétricos no norte da Itália e a enviar suas máquinas para a Polônia.

"Se eu lhes dissesse antes sobre algum plano para mudar a produção para o exterior, eles teriam ocupado a minha fábrica e apreendido todas as minhas coisas", disse Pedroni em uma entrevista por telefone, em 21 de agosto. "A verdade é que eu queria que meu negócio sobrevivesse e não existiam as condições certas para que eu operasse na Itália por mais tempo."

A notícia de que a Firem Srl, com sede em Formigine perto de Modena, estava se mudando para o Leste da Europa atingiu os 40 funcionários tarde demais. No dia 13 de agosto, 11 dias após Pedroni ter ativado seu plano, um grupo de funcionários, suspeitando dos movimentos ao redor da fábrica, correu para as portas do local a tempo de parar o último dos 20 caminhões com máquinas embaladas. A mudança da Firem tornou-se uma controvérsia nacional e o destino de seus trabalhadores ainda é incerto.

A perda da fábrica ressalta a luta que a Itália enfrenta para reviver a produção e sua economia, que continuou em recessão no segundo trimestre, mesmo com a maior parte da zona do euro tendo voltado a crescer. No ranking do World Economic Fórum, sobre a produção e mercado global, a Itália está no posto 128, um escalão abaixo de Burkina Faso, enquanto a Polônia está no degrau 39.

Empresa familiar

Pedroni, 49, agora teme por sua vida depois de receber várias ameaças contra ele e sua família. Ele diz que não vai mudar de ideia sobre a escolha que fez para a empresa que foi aberta, pela primeira vez, por seu avô após a Segunda Guerra Mundial. Ele não está sozinho. Empresas italianas, como a Fiat SpA, e a Indesit Co. SpA, fabricante de fornos e geladeiras, estão mudando as linhas de produção para o exterior para cortar custos.


Escapar “foi certamente discutível e prejudicou, irremediavelmente, as relações com seus empregados e com a comunidade, mas como muitos empresários fizeram antes dele, ele abandonou o barco chamado Itália porque era a única maneira de sobreviver", disse Carlo Alberto Carnevale Maffe, professor de estratégia de negócios da Universidade Bocconi, de Milão. "Na Itália, a maioria das empresas, como a Firem, tem registrado perdas por pelo menos cinco anos."

De acordo com Pedroni, cuja fábrica fica perto da sede da montadora de luxo Ferrari SpA, sua decisão foi forçada por fatores que vão desde a concorrência estrangeira aos custos trabalhistas e impostos mais altos.

Tensão trabalhista

A Firem teve um faturamento de cerca de 3 milhões de euros (US$ 4 milhões), no ano passado, mas não registra lucro desde 2008, disse Pedroni, que abriu sua nova fábrica polaca esta semana e não tem planos de voltar para a Itália tão cedo, dadas as tensões com os trabalhadores. Ele não compareceu a uma reunião com os sindicatos e as instituições locais, dia 20 de agosto, na prefeitura de Formigine.

A Firem “implementou um movimento que eu chamaria de, no mínimo, clandestino", disse o legislador Matteo Richetti, membro do Partido Democrata do Primeiro-Ministro Enrico Letta, ao Parlamento em 19 agosto. "Eu sou a favor da liberdade de mercado, o que significa que se pode mover uma empresa para qualquer lugar que se queira, mas isso deve acontecer após notificação do pessoal e da comunidade local."

Transferência da Indesit

Embora as grandes empresas possam não ter a capacidade de se mover na velocidade de Pedroni, elas também estão deslocando pelo menos parte de sua produção para o exterior. A Indesit disse em junho que planeja cortar 1.400 empregos, ou um terço da sua força de trabalho, enquanto transfere sua produção para a Polônia e a Turquia. A Fiat, que não desconhece os confrontos com os sindicatos sobre a redução de empregos e transferências, emprega mais de 4.000 trabalhadores em sua fábrica de Tychy, na Polônia.

"Muitos dos meus colegas me ligaram para dizer que eu estava certo e era corajoso de fazer isso", disse Pedroni sobre seu movimento. "Eu não sou o primeiro a ir e não serei o último."

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