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Executivos brasileiros estão cautelosos, mas são os mais confiantes da AL

Recuperação econômica puxa otimismo, mas atuação de Bolsonaro no início do governo gera dúvidas

Cerca de 82% dos executivos acreditam que a economia vai crescer mais do que em 2018 (Thinkstock/Thinkstock)
AJ

André Jankavski

Publicado em 6 de março de 2019 às 13h21.

Última atualização em 6 de março de 2019 às 13h27.

São Paulo — A lua de mel do mercado e das empresas com a recuperação econômica continua: os executivos brasileiros são os mais confiantes na América Latina.É o que aponta uma pesquisa da consultoria Page Group, especializada em recrutamento, obtida com exclusividade por EXAME.

Ao mesmo tempo, contudo, há um clima de cautela no ar e o governo Bolsonaro precisará mostrar que esse otimismo é justificável.

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De acordo com o levantamento, feito em seis países diferentes da América Latina, os executivos brasileiros são os mais confiantes da região em relação ao crescimento da economia (82%), à queda do desemprego (79%) e ao quanto o valor do câmbio trará benéficos para os negócios (59%).

O fato de ter ocorrido uma mudança no governo ajuda a explicar o otimismo. Cerca de 77% dos respondentes afirmaram que estão otimistas com o mandato do presidente Jair Bolsonaro.

O sinal de alerta, no entanto, já está ligado. As cabeçadas dadas pela equipe do governo Bolsonaro desde janeiro e as dúvidas referentes às aprovações de reformas importantes ajudam a explicar essa cautela.

“Os planos continuam dentro das empresas, que estão confiantes de que o mercado irá melhorar. Mas ainda ninguém desembolsou todos os investimentos, pois está esperando as primeiras vitórias do governo, como a reforma da Previdência”, Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael Page e Page Personnel, ligadas à Page Group.

Há um outro fator adicional para ajudar a fortalecer o otimismo: a base dos anos anteriores é fraca. Ou seja, existe o sentimento mais forte de que o pior da crise já passou. É o caso da indústria de materiais de construção.

Um dos setores que mais sofreram com a crise dos últimos anos, ele registrou um crescimento de 1,2% no ano passado em relação a 2017, de acordo com dados da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).

Parece pouco, mas não é. Nos últimos anos, o setor chegou a apresentar queda de dois dígitos. De 2015 a 2017, a queda acumulada foi de 22%.

“Mesmo se a economia for mal, nunca chegaremos aos números dos anos complicados. Mas há uma confiança de que a economia irá melhorar”, diz Rodrigo Navarro, presidente da ABRAMAT. Em janeiro, o setor apresentou uma retração de 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mais investimentos e empregos

De forma geral, os executivos latinos devem investir mais em 2019 do que no ano passado. Segundo o levantamento da Page Group, 45% dos entrevistados possuem orçamentos maiores. Outros 40% devem ter o mesmo montante e apenas 15% terão menos dinheiro em caixa.

A conta é puxada para cima pelo Brasil: 63% dos executivos afirmam que investirão mais e apenas 6% dizem que gastarão menos do que no ano passado.

Isso deve gerar mais empregos na América Latina e no Brasil, diz a pesquisa. Cerca de 56% dos entrevistados devem contratar novos funcionários neste ano. Trata-se do maior percentual desde 2016.

“Porém, o cenário ainda poderá ter várias mudanças, devido às situações macroeconômicas no Brasil e no mundo, então as lideranças precisarão estar atentas para mudar os rumos quando necessário”, afirma Basaglia, da Michael Page.

Chilenos e colombianos otimistas com governantes

Além do Brasil, o Chile e a Colômbia possuem governantes que estão em alta com os executivos de empresa.

O presidente chileno Sebastián Piñera, aliás, possui uma popularidade com o mercado até maior do que Bolsonaro: 90% estão confiantes com o seu mandato. Na terceira posição. Está o colombiano Iván Duque, com 62% de aprovação.

Por outro lado, o mexicano Andrés Manuel Lópes Obrador (86%), o peruano Martin Vizcarra (75%) e o argentino Mauricio Macri (65%) são os comandantes dos países que sofrem com a maior desconfiança do mercado.

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