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Evolução gradual de renda e emprego pressiona pouco a inflação

Recuperação da renda dos trabalhadores é lenta e praticamente não gera pressões inflacionárias de demanda, segundo a consultoria LCA

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.

O rendimento médio real dos brasileiros cresceu pelo terceiro mês consecutivo e encerrou março em 945,20 reais, após cair de 912,40 para 895,40 reais entre novembro e dezembro do ano passado. O valor de março é 0,5% maior que o de fevereiro e 1,7% superior ao do mesmo mês de 2004. A gradual recuperação da renda dos trabalhadores neste início de ano não deve gerar pressões inflacionárias que ajudem a justificar novos aumentos da taxa básica de juros (Selic), de acordo com o economista Fábio Romão, da consultoria LCA. O reajuste de tarifas públicas e o perfil de gastos da população de menor poder aquisitivo atenuam eventuais pressões de demanda no mercado interno, segundo Romão.

Para o economista, quem recebe cerca de um salário mínimo tende a usar os ganhos reais de renda para aumentar o consumo de bens não duráveis, como alimentos e bebidas. Além disso, com mais dinheiro no bolso, essa camada da população também busca melhorar a qualidade dos produtos que consome, pagando mais por isso. No final, a expansão do volume consumo acaba se equilibrando com a capacidade dos consumidores de pagar por uma mercadoria de melhor perfil.

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Esse incremento de consumo esbarra também na necessidade de o consumidor redistribuir sua renda entre outros tipos de despesa, como aluguéis, impostos e tarifas públicas. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra, por exemplo, que o salário de 85% das famílias brasileirasnão é suficientepara todos os compromissos mensais. Além disso, pouco mais de 90% do orçamento é representado por gastos permanentes, como habitação, saúde e impostos.

O peso das tarifas públicas, aliás, tende a crescer sobre o orçamento das famílias nos próximos meses. Em sua ata de março (última disponível), o Comitê de Política Monetária projeta um aumento de 6,9% para os preços monitorados, neste ano. A conclusão, portanto, é que esse incremento de renda ajuda a expandir o mercado interno, mas não a ponto de acarretar um descompasso entre a oferta e a demanda. "Essa evolução da renda e do emprego é gradual e não tem impacto significativo sobre a inflação", diz Romão.

Desemprego

O IBGE divulgou também, nesta quarta-feira (27/4), que o nível de desemprego em março subiu 0,2 ponto percentual sobre fevereiro, atingindo 10,8%. De acordo com o instituto, a variação não foi "estatisticamente significativa". Além disso, a taxa foi menor que os 12,8% registrados em março de 2004.

Para Romão, o destaque foi a aceleração da abertura de postos nos grandes centros urbanos. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o IBGE apurou que a taxa de desemprego baixou de 14,6% para 11,5%. O mesmo aconteceu em Belo Horizonte (de 12,1% para 10,7%), Rio de Janeiro (9,8% para 8,4%), e Porto Alegre (9,6% para 7,9%). "Entre 2002 e meados de 2004, a criação de empregos nas grandes cidades ficou abaixo da média nacional. Agora, o ritmo voltou ao patamar de 2001", afirma.

Março foi o terceiro mês consecutivo de alta do percentual de desempregados, que correspondia 9,6% da População Economicamente Ativa (PEA) em dezembro. Para o economista, o aumento do desemprego nos primeiros meses do ano já era esperado. Além disso, o mercado previa resultados de até 11,5% para o mês passado. "Pode-se dizer que a criação de empregos não inverteu sua tendência; apenas está crescendo a taxas mais modestas", diz.

As seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE encerraram março com uma PEA de 21,935 milhões de pessoas. Do total, 19,560 milhões estavam ocupadas e 2,375 milhões procuravam alguma colocação.

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