Em viagem oficial, Haddad volta a criticar decisão do Banco Central de manter os juros inalterados (Diogo Zacarias/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 22 de junho de 2023 às 15h25.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou mais uma vez o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo ele, a decisão do Banco Central (BC) de manter os juros inalterados em 13,75% ao ano e não sinalizar um corte de juros em agosto “contrata uma inflação futura com aumento de carga tributária futura”. As declarações foram feitas durante viagem à Paris, em que Haddad acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
DOSSIÊ: Agosto ou setembro? Mercado diverge sobre quando BC começa corte de juros
“O comunicado, como de hábito, é muito ruim. É o quarto comunicado e todos foram ruins. Às vezes, ele [Copom] corrige na ata, mas não alivia a situação. O descompasso entre o que acontece no Brasil com o dólar, com a curva de juros e com atividade econômica é claro", disse. "Era preciso sinalizar um corte da taxa Selic, que é a mais alta do mundo. Estamos com juro real que deve estar batendo 8%.”
Haddad ainda afirmou que a decisão do BC também tem impacto nas contas públicas, na Bolsa de Valores e no varejo. Para ele, os juros inalterados afetam a arrecadação dos estados e municípios.
“Não há como negar que existe um descompasso. sou a favor de olhar para pesquisa e entendo dessas coisas. Agora, isso é um subsídio para a tomada de decisão. Não pode substituir a autoridade monetária. E quando tem uma pesquisa que está errando sistematicamente durante 6 meses, você precisa relativizar quando fala em ancoragem de expectativas", disse. "Estou preocupado com o que vai acontecer na vida das pessoas. Estamos fazendo um esforço gigantesco de reversão de expectativas, desde o início do ano.”