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Energia renovável cresce, mas persistem os riscos climáticos

O combustível e as tecnologias de baixo carbono representarão 80% do crescimento da oferta no setor energético nos próximos 25 anos

Energia renovável: se não for investido mais em tecnologias de baixo carbono e melhorar a eficiência, não se poderá cumprir com o Acordo de Paris (Getty Images/Getty Images)
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EFE

Publicado em 16 de novembro de 2016 às 13h51.

A Agência Internacional da Energia (AIE) previu nesta quarta-feira um grande crescimento das energias renováveis e do gás natural daqui até 2040, mas advertiu que "é preciso fazer mais esforços" para poder cumprir com as metas do Acordo de Paris contra a mudança climática.

Seu diretor-executivo, Fatih Birol, apresentou em Londres o relatório "Perspectivas para a energia mundial 2016", que antecipa que o combustível e as tecnologias de baixo carbono, principalmente renováveis, representarão 80% do crescimento da oferta no setor energético nos próximos 25 anos.

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Embora os combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão crescerão relativamente menos, continuarão sendo fundamentais para fazer frente a um aumento previsto de 30% da demanda, por isso que é "fundamental" que em 2017 se invista em projetos de extração de petróleo, disse.

Se não aumentar esse investimento, freado nos últimos dois anos pela queda dos preços do petróleo, pode haver problemas de fornecimento já na década de 2020, acrescentou.

Apesar de o baixo preço do petróleo preocupar, Birol se mostrou hoje contrário a que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que se reunirá em 30 de novembro em Viena, intervenha no mercado.

"Nós achamos que os preços deveriam estar a um nível suficiente para mobilizar o necessário investimento, mas opinamos que isso deveria ser deixado em mãos do mercado e não da intervenção" dos produtores, declarou na entrevista coletiva.

Com o progressivo avanço das energias renováveis -sobretudo no setor elétrico-, possibilitado pela redução de custos e o apoio público, "surgem novos desafios sobre como garantir o fornecimento também dessas fontes", afirmou Laura Cozzi, co-autora do estudo.

Os governos deverão prever que essa energia, sobretudo a solar e a eólica, possa ser geradas "quando necessário" e será importante desenvolver métodos de armazenagem, precisou.

A AIE prevê, além disso, um aumento destacado nas próximas décadas da oferta de gás natural liquidificado, menos contaminante que o cru, com o auge de novos produtores, como os EUA e Austrália, e uma maior facilidade no transporte, pois não depende de gasodutos.

A organização, que analisa o panorama energético para seus 29 países-membros, avisa que, embora as energias renováveis se imponham na produção elétrica, é imprescindível "destinar mais investimento para desenvolver tecnologias de baixo carbono nos setores do transporte por estrada, aviação e petroquímico", que ainda dependem do petróleo.

No relatório, a AIE adverte que, se não for investido mais em tecnologias de baixo carbono e melhorar a eficiência, não se poderá cumprir com o Acordo de Paris, vigente desde 4 de novembro, que procura limitar a um máximo de 2º C o aquecimento do planeta, sobre níveis pré-industriais.

Com as medidas anunciadas até agora pelos Estados signatários, "só se conseguirá desacelerar o aumento estimado das emissões de carbono do setor energético, de uma média de 650 milhões de toneladas ao ano desde o ano 2000 cerca de 150 milhões de toneladas anuais em 2040", sustenta.

"Embora isto seja uma conquista significativa, está longe de ser suficiente para evitar o pior impacto da mudança climática, pois só limitaria o aumento da temperatura global a 2,7ºC em 2100", manifestou o organização.

Para cumprir com o acordo, seria preciso que as emissões de carbono "alcançassem seu teto nos próximos anos e que a economia global se transformasse em neutra em carbono no final de século".

A AIE denuncia, além disso, que, apesar das novas fontes de energia, em 2040 ainda haverá no mundo pelo menos 500 milhões de pessoas sem acesso à eletricidade, principalmente no Sul da Ásia e na África Subsaariana.

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