Empresas acham cada vez mais difícil atuar na China
Pequim - Em um contexto marcado pela condenação à prisão do executivo da Rio Tinto e pelos problemas enfrentados pelo Google, as empresas estrangeiras acreditam que está cada vez mais difícil atuar na China devido às reviravoltas administrativas, à falta de transparência das leis e ao tratamento desigual recebido frente aos concorrentes locais. Trinta […]
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2010 às 09h53.
Pequim - Em um contexto marcado pela condenação à prisão do executivo da Rio Tinto e pelos problemas enfrentados pelo Google, as empresas estrangeiras acreditam que está cada vez mais difícil atuar na China devido às reviravoltas administrativas, à falta de transparência das leis e ao tratamento desigual recebido frente aos concorrentes locais.
Trinta anos depois de a China abrir-se aos investidores estrangeiros, as companhias internacionais queixam-se das leis custosas, de regras que dão vantagens a seus concorrentes locais e de um nacionalismo crescente, a ponto de alguns se questionarem sobre o futuro da terceira maior economia do planeta.
"Pela primeira vez, a comunidade empresarial estrangeira vê que as oportunidades no futuro se fazem mais escassas, mesmo que se tenha boa saúde" nesse mercado, destacou James McGregor, da APCO Worldwide, especialista em comunicação estratégica.
A degradação do mundo dos negócios no país ocorre há vários anos, mas se agravou por conta do destaque que a China adquiriu depois da crise financeira internacional, declara John Lee, associado ao Centro de Estudos Independentes da Austrália.
O gigante asiático saiu da crise em plena majestade, com crescimento de 8,7% em 2009, em um momento em que Europa e Estados Unidos atolavam-se.
Os obstáculos que as empresas estrangeiras encontram nos mercados chineses - o Google é um bom exemplo - mostram que a China "já não tem o sentimento de necessitar do Ociente como antes", segundo Lee.
Apesar de todos os grandes atores do mundo estarem presentes na China, em todas as áreas, a confirança está ausente, como mostra um estudo da Câmara Americana de Comércio na China, segundo o qual 38% de seus membros sente que agora são menos bem-vindos no mercado chinês.
Essa porcentagem era de apenas 23% em 2008.
Por outro lado, as empresas americanas de alta tecnologia na China temem o fechamento do mercado por conta de uma regra aprovada no final de 2009 que favorece "a inovação local" nas licitações públicas em setores de alta tecnologia, segundo a Câmara.
Na Europa, os temores são semelhantes e existe preocupação pela falta de transparência nas leis e regulamentos, assim como pela pouca proteção aos direitos de propriedade intelectual.
James McGregor afirma que alguns grupos têm o sentimento de terem sido usados, constatando a ausência de "boa vontade recíproca" apesar de grandes investimentos no país, aportando experiência e tecnologia.
No entanto, muitos estrangeiros continuam ganhando dinheiro, mas às custas de esforços consideráveis para passar por travas burocráticas e para decifrar cada regra nova, segundo David Wolf, diretor de uma consultoria.
Nesta semana, o processo e a condenação de quatro dirigentes da gigante da mineração Rio Tinto e o fechamento da sede chinesa do Google preocuparam o mundo dos negócios.
O ministro australiano de Recursos, Marin Ferguson, declarou que isso não impediria seus compatriotas de seguirem investindo no país. "As duas economias são complementares", disse à AFP, durante visita a Pequim.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, havia afirmado anteriormente aos grandes empresários mundiais que ele considerava "importante reforçar a confiança" dos estrangeiros na China.
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