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Em cartas, vencedores do Nobel detonam Trump

Só nessa semana foram duas cartas em que vários vencedores do Nobel criticam as posições econômicas do candidato republicano

Trump: ele tem pouco apoio entre os economistas (Carlo Allegri/Reuters Brazil)

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de novembro de 2016 às 12h32.

Última atualização em 3 de novembro de 2016 às 12h37.

São Paulo - Um grupo de 370 economistas divulgou nessa quarta-feira uma carta aberta recomendando que os americanos não votem em Donald Trump.

Entre os signatários estão 8 vencedores do Prêmio Nobel em Economia, incluindo Oliver Hart, um dos escolhidos deste ano, e Angus Deaton, que ganhou em 2015.

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Também aparecem Kenneth Arrow, escolhido em 1972, e Paul Romer, atual economista-chefe do Banco Mundial.

"Donald Trump é uma escolha perigosa e destrutiva para o país. Ele informa erroneamente o eleitorado, degrada a confiança nas instituições públicas com teorias da conspiração e promove uma ilusão propositada ao invés de compromisso com a realidade. Se eleito, representa um perigo único ao funcionamento das instituições econômicas e democráticas e à prosperidade do país", diz o texto.

Em 13 pontos, a carta lista os problemas com o candidato republicano, muitos relacionados ao seu discurso de que a manufatura americana está em queda por causa do comércio internacional.

Trump diz que a solução é renegociar a área de livre comércio com Canadá e México e aplicar uma tarifa de 45% sobre as exportações chinesas.

Segundo a carta, a produção manufatureira americana dobrou desde 1980, mas emprega menos por causa da automação, não do comércio - e o plano de Trump não ajudaria em nada nesse sentido.

A carta diz que ao contrário do que Trump afirma, seu plano fiscal não reduziria o déficit e sim causaria uma perda enorme de receita.

Segundo eles, o candidato republicano coloca em cheque instituições respeitadas, tem uma ignorância profunda sobre assuntos econômicos e não ouve experts da área.

O único economista acadêmico no time do candidato é Peter Navarro, professor da Universidade da Califórnia em Irvine com PhD em Harvard.

Em entrevista para EXAME.com, ele defendeu as posições do candidato, o que voltou a fazer ontem em resposta ao documento dos economistas.

Batalha de cartas

Na última segunda-feira, um outro grupo de 19 vencedores do Nobel em Economia divulgou também uma carta aberta recomendando o voto em Hillary Clinton.

"Ela mostrou que acredita em formular políticas com base em evidências e entende a necessidade de fortalecer o crescimento econômico e garantir que ele produza prosperidade ampla", diz o texto.

Em setembro, uma carta assinada por 306 economistas foi divulgada com críticas aos planos econômicos da democrata que "continuariam com o ataque regulatório da administração Obama aos negócios e ao empreendedorismo".

O mais importante signatário é Eugene Fama, vencedor do Nobel em 2013. No entanto, ele afirmou ao jornal The Star que isso não significa apoio a Trump:

"Não apoio nenhum dos dois. Ambos são do tipo que gostam de governo grande".

Ex-conselheiros

Recentemente, o Wall Street Journal entrou em contato com 45 economistas que já passaram pelo Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca durante gestões republicanas e democratas.

O órgão é ligado ao Executivo e tem como função analisar dados e aconselhar o presidente sobre política econômica; é formado por três membros indicados pelo presidente, e o líder também precisa ser aprovado pelo Senado.

Nenhum dos ex-assessores ouvidos pelo jornal declarou apoio a Donald Trump; alguns afirmam que vão votar por Hillary Clinton e outros preferem não declarar nenhum apoio.

Mercado financeiro

O mercado financeiro também tem medo de Trump, segundo uma análise recente de Justin Wolfers, da Universidade de Michigan, e Eric Zitzewitz, do Dartmouth College com base no comportamento de índices durante o primeiro debate.

Eles calculam que uma vitória de Trump faria o preço do petróleo cair em 4 dólares, causaria uma desvalorização de 25% do peso mexicano e levaria a uma queda de 10% a 15% nos mercados de ações do Reino Unido e da Ásia.

As últimas pesquisas mostram Hillary na frente, mas com pequena margem. A eleição é na próxima terça-feira, dia 08 de novembro.

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