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Eleições colocaram dólar em linha com cenário econômico

Acirramento da disputa eleitoral pela Presidência, que pegou fogo a partir de setembro último, fez a moeda norte-americana saltar para perto de 2,50 reais

Notas de dólar: Outras moedas de países emergentes já vinham sofrendo pressão diante da expectativa de alta nas taxas de juros nos EUA (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2014 às 13h54.

São Paulo - A alta volatilidade vista nas últimas semanas no câmbio brasileiro, alimentada pela acirrada disputa pela Presidência, elevou o dólar a um patamar, perto de 2,50 reais, mais alinhado às atuais condições econômicas, preparando o terreno para mais valorizações no ano que vem independentemente do candidato que emergir vitorioso das eleições.

Outras moedas de países emergentes, como o Brasil, já vinham sofrendo pressão diante da expectativa de alta nas taxas de juros nos Estados Unidos. E, para analistas consultados pela Reuters, esse cenário deve ganhar ainda mais impulso em 2015.

"Uma maneira de entender o movimento do real nas últimas semanas é vê-lo como uma correção, após meses de desempenho melhor do que o de moedas semelhantes", disse a estrategista para a América Latina do Jefferies, Siobhan Morden.

Neste ano até o fim de agosto, o dólar havia subido 0,41 por cento sobre o peso mexicano e 2,03 por cento em relação ao rand sul-africano, mas recuado 5,03 sobre o real. De acordo com especialistas, a diferença é explicada pela constante intervenção do Banco Central brasileiro no câmbio, iniciada em agosto do ano passado, e com o objetivo de evitar pressões inflacionárias.

O acirramento da disputa eleitoral pela Presidência, que pegou fogo a partir de setembro último, fez a moeda norte-americana saltar da casa dos 2,20 reais para perto de 2,50 reais, acumulando no ano alta de 5,05 por cento até o fechamento passado.

Deste modo, alinhou-se com o comportamento do dólar frente às moedas mexicanas e sul-africana, com avanço de 3,87 e 5,72 por cento, respectivamente, no mesmo período.

O mercado de câmbio no Brasil tem sido regido pelas pesquisas eleitorais sobre intenção de voto. As mais recentes mostram avanço da presidente Dilma Rousseff (PT) sobre Aécio Neves (PSDB), preferido pelos mercados por prometer uma política econômica mais ortodoxa, fazendo o dólar subir.

Segundo analistas, o novo patamar da moeda norte-americana também reflete melhor a deterioração de alguns fundamentos macroeconômicos brasileiros, sobretudo os déficits importantes em conta corrente registrados nos últimos meses.

Fed e mais altas

Apesar de saberem que o resultado das eleições, cujo segundo turno acontece neste domingo, vai trazer mais volatilidade no curto prazo, a avaliação dos especialistas é de que o dólar tem pela frente uma trajetória de alta.

Isso porque espera-se que o Federal Reserve, banco central norte-americano, volte a elevar os juros em breve, após mantê-los próximos de zero por anos como medida para estimular a economia. Recente pesquisa Reuters indicou que isso ocorreria no segundo trimestre de 2015.

"Será muito difícil o real resistir o que esperamos ser um fortalecimento mundial do dólar", disse Siobhan, do Jefferies.

Juros mais altos nos Estados Unidos têm potencial para atrair recursos hoje aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Mas o avanço da moeda norte-americana pode ser mais ou menos turbulento no Brasil, dependendo da credibilidade do próximo governo.

"A diferença entre o câmbio no caso do Aécio e da Dilma é que existe ajuste com anestesia e sem anestesia", disse o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello.

A confiança do mercado em eventual governo da oposição seria suficiente, na avaliação de analistas, para minimizar a volatilidade provocada pela interrupção do atual programa de intervenções diárias do Banco Central. Mas ninguém se arrisca em falar sobre projeções de cotação para o dólar.

O indicado por Aécio ao Ministério da Fazenda, Armínio Fraga, recentemente afirmou à Reuters que os leilões diários de swaps feitos hoje pelo BC seriam interrompidos imediatamente caso o tucano seja eleito. Na prática, isso significaria que a oferta de dólares nos mercados brasileiros diminuiria em proporção equivalente a 4 bilhões de dólares por mês.

O diretor administrativo de estratégia para mercados emergentes do Citi, Dirk Willer, escreveu em relatório que é possível que esse desfalque seja reposto em parte por entradas de recursos, se Aécio apresentar evidências de que cumprirá suas promessas e o mercado global não estiver muito turbulento.

Caso a presidente Dilma seja reeleita, o programa de intervenções no câmbio deve continuar, como parte da estratégia de política cambial e injetando liquidez nos mercados.

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Outras moedas de países emergentes, como o Brasil, já vinham sofrendo pressão diante da expectativa de alta nas taxas de juros nos Estados Unidos. E, para analistas consultados pela Reuters, esse cenário deve ganhar ainda mais impulso em 2015.

"Uma maneira de entender o movimento do real nas últimas semanas é vê-lo como uma correção, após meses de desempenho melhor do que o de moedas semelhantes", disse a estrategista para a América Latina do Jefferies, Siobhan Morden.

Neste ano até o fim de agosto, o dólar havia subido 0,41 por cento sobre o peso mexicano e 2,03 por cento em relação ao rand sul-africano, mas recuado 5,03 sobre o real. De acordo com especialistas, a diferença é explicada pela constante intervenção do Banco Central brasileiro no câmbio, iniciada em agosto do ano passado, e com o objetivo de evitar pressões inflacionárias.

O acirramento da disputa eleitoral pela Presidência, que pegou fogo a partir de setembro último, fez a moeda norte-americana saltar da casa dos 2,20 reais para perto de 2,50 reais, acumulando no ano alta de 5,05 por cento até o fechamento passado.

Deste modo, alinhou-se com o comportamento do dólar frente às moedas mexicanas e sul-africana, com avanço de 3,87 e 5,72 por cento, respectivamente, no mesmo período.

O mercado de câmbio no Brasil tem sido regido pelas pesquisas eleitorais sobre intenção de voto. As mais recentes mostram avanço da presidente Dilma Rousseff (PT) sobre Aécio Neves (PSDB), preferido pelos mercados por prometer uma política econômica mais ortodoxa, fazendo o dólar subir.

Segundo analistas, o novo patamar da moeda norte-americana também reflete melhor a deterioração de alguns fundamentos macroeconômicos brasileiros, sobretudo os déficits importantes em conta corrente registrados nos últimos meses.

Fed e mais altas

Apesar de saberem que o resultado das eleições, cujo segundo turno acontece neste domingo, vai trazer mais volatilidade no curto prazo, a avaliação dos especialistas é de que o dólar tem pela frente uma trajetória de alta.

Isso porque espera-se que o Federal Reserve, banco central norte-americano, volte a elevar os juros em breve, após mantê-los próximos de zero por anos como medida para estimular a economia. Recente pesquisa Reuters indicou que isso ocorreria no segundo trimestre de 2015.

"Será muito difícil o real resistir o que esperamos ser um fortalecimento mundial do dólar", disse Siobhan, do Jefferies.

Juros mais altos nos Estados Unidos têm potencial para atrair recursos hoje aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Mas o avanço da moeda norte-americana pode ser mais ou menos turbulento no Brasil, dependendo da credibilidade do próximo governo.

"A diferença entre o câmbio no caso do Aécio e da Dilma é que existe ajuste com anestesia e sem anestesia", disse o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello.

A confiança do mercado em eventual governo da oposição seria suficiente, na avaliação de analistas, para minimizar a volatilidade provocada pela interrupção do atual programa de intervenções diárias do Banco Central. Mas ninguém se arrisca em falar sobre projeções de cotação para o dólar.

O indicado por Aécio ao Ministério da Fazenda, Armínio Fraga, recentemente afirmou à Reuters que os leilões diários de swaps feitos hoje pelo BC seriam interrompidos imediatamente caso o tucano seja eleito. Na prática, isso significaria que a oferta de dólares nos mercados brasileiros diminuiria em proporção equivalente a 4 bilhões de dólares por mês.

O diretor administrativo de estratégia para mercados emergentes do Citi, Dirk Willer, escreveu em relatório que é possível que esse desfalque seja reposto em parte por entradas de recursos, se Aécio apresentar evidências de que cumprirá suas promessas e o mercado global não estiver muito turbulento.

Caso a presidente Dilma seja reeleita, o programa de intervenções no câmbio deve continuar, como parte da estratégia de política cambial e injetando liquidez nos mercados.

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