Economia

Economias europeias crescem em ritmo recorde à beira de novos lockdowns

Alerta com o ressurgimento de novas infecções e lockdowns, deixa a Europa ainda mais atrás dos EUA e da Ásia em sua recuperação econômica

Europa: PIB dos 19 membros da Zona do Euro cresceu 12,7% (Sean Gallup/Getty Images)

Europa: PIB dos 19 membros da Zona do Euro cresceu 12,7% (Sean Gallup/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 07h41.

Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 09h46.

As economias europeias cresceram em um ritmo recorde no terceiro trimestre, mas em alerta com o ressurgimento de infecções por coronavírus e novos lockdowns, deixando a Europa ainda mais atrás dos EUA e da Ásia em sua recuperação econômica.

Números divulgados pela agência de estatísticas da União Europeia nesta sexta-feira (30) mostraram que a média do produto interno bruto (PIB) dos 19 membros da Zona do Euro foi 12,7% maior nos três meses até setembro do que no trimestre anterior, tendo caído 11,8% nos três meses até junho.

    O crescimento durante o terceiro trimestre foi mais forte do que nos EUA. Isso refletiu amplamente o fato de que o lockdown do segundo trimestre foi mais rigoroso e duradouro na Europa, levando a uma recuperação especialmente grande depois que as restrições foram suspensas.

    (EXAME Research/Exame)

    No entanto, essa recuperação já está paralisada, à medida que as infecções aumentaram novamente e os consumidores evitam comer fora, viajar e se divertir pessoalmente, enquanto as empresas estão mais cautelosas. Os líderes de toda a Europa têm controlado firmemente as atividades sociais e econômicas. O novo lockdown parcial, anunciado na França e na Alemanha para conter a segunda onda do vírus, gerou receio nos mercados nesta semana, temendo que as economias demorem mais para se recuperar.

    A economia alemã cresceu 8,2% no terceiro trimestre, recuperando-se da pior recessão de todos os tempos causada pela pandemia de covid-19. O salto do PIB de julho a setembro foi o maior desde 1970, quando a agência começou a coletar dados, e foi mais forte do que o aumento de 7,3% previsto por economistas em uma pesquisa da Reuters. A recuperação foi impulsionada pelo maior consumo, retomando os investimentos em equipamentos e exportações.

    A economia da Itália cresceu 16,1% na comparação com o trimestre anterior, mas ainda recua 4,7% em relação ao 3º trimestre de 2019. Na Espanha, o PIB cresceu 16,7%, também na comparação com o segundo trimestre, mas ainda está 8,7% abaixo do que há um ano. No segundo trimestre, a economia italiana encolheu 12,8% e a espanhola, 18,5%.

    Na França, o PIB se recuperou no terceiro trimestre após sofrer sua maior contração histórica no trimestre anterior. Dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo instituto de estatísticas francês, mostram que o PIB do país cresceu 18,2% no terceiro trimestre ante os três meses anteriores.

     

     

    Nesta semana, a França e a Alemanha decretaram lockdowns parciais em suas cidades. No novo “confinamento” na França, que inicialmente vai até 1º de dezembro, bares e restaurantes deverão ser fechados, assim como qualquer outro comércio não-essencial. Reuniões públicas estão proibidas, mas reuniões familiares privadas são permitidas. As creches, escolas e colégios também continuam funcionando, enquanto as universidades oferecerão aulas pela internet. Diferentemente do primeiro lockdown, os serviços públicos permanecem em funcionamento.

    Já na Alemanha, o governo federal consolidou acordo com líderes locais que prevê o fechamento de restaurantes, bares, cinemas e teatros pelas próximas quatro semanas. Lojas e escolas, contudo, permanecerão abertas.

    O Reino Unido ainda resiste à pressão para impor um segundo lockdown nacional depois que França e Alemanha adotaram restrições abrangentes que colocou os serviços de saúde no limite.

     

     

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