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E se a Grécia prosperasse após deixar a zona do euro?

Alguns economistas deram voz à pergunta sobre o que aconteceria se a Grécia sacudisse a poeira e aproveitasse uma moeda desvalorizada para registrar crescimento

Alexis Tsipras, premiê da Grécia: “em um cenário assim, o mais provável é que haja uma maior fragmentação da zona do euro, e não o contrário”, diz especialista (REUTERS/Marko Djurica)
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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2015 às 17h28.

Londres - Este é o cenário sobre o qual poucos comentam: e se a Grécia deixasse a zona do euro e sua economia prosperasse?

A razão para o silêncio pode se dever ao fato de o conceito ser ridículo demais para ser sequer considerado.

À medida que o referendo do país sobre a austeridade se aproxima, os economistas formam fila para alertar que a saída do euro e o não pagamento de suas dívidas transformariam a Grécia em um pária ainda maior nos mercados financeiros e empurrariam o país para uma depressão mais profunda com as falências, o desemprego e a agitação social que isso implica.

Esse sofrimento, segundo a sabedoria popular, teria convencido países como Espanha e Portugal a se devotarem à austeridade estilo alemão e à reforma econômica que a adesão à moeda única exige.

Para alguns, uma zona do euro sem a Grécia seria menor, mas possivelmente mais forte.

Mas nesta semana os economistas da Oxford Economics Ltd. e do Citigroup Inc. deram voz à pergunta sobre o que aconteceria se a Grécia sacudisse a poeira dentro de alguns anos e aproveitasse uma moeda desvalorizada para voltar a registrar crescimento econômico.

Isso desafiaria a teoria de que deixar o euro seria um suicídio econômico.

E incentivaria outros membros a considerarem a desvalorização e o calote mais atrativos do que a vida dentro do euro, representando assim uma ameaça ainda maior à sustentabilidade do bloco monetário do que se a Grécia permanecesse nele.

Maior fragmentação

“Sob uma perspectiva econômica, uma das grandes ameaças de contágio de uma saída grega seria se a Grécia fosse embora e sua economia imediatamente começasse a crescer com força”, disse Ben May, da Oxford Economics.

“Em um cenário assim, o mais provável é que haja uma maior fragmentação da zona do euro, e não o contrário”.

No mínimo, “uma recuperação econômica notável” na Grécia faria com que o “apoio a forças paralelas em outros países pudesse de fato ser impulsionado”, disseram os economistas do Citigroup, em referência ao partido espanhol que se opõe às medidas de austeridade, o Podemos.

Os colegas de May usaram relatórios recentes para mostrar como a saída da Grécia da zona do euro pode não ser tão ruim.

Das 70 saídas de uniões monetárias ocorridas desde 1945, apenas uma pequena parte sofreu prejuízos agudos na produção e a Grécia pode ter margem para uma recuperação, considerando que sua queda de 25 por cento no produto interno bruto já está entre as mais severas das 137 crises econômicas ocorridas desde 1980, argumentam eles.

No Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington, o economista Joseph Gagnon escreveu nesta semana que, se a saída da Grécia do euro fosse gerenciada apropriadamente, a economia do país cresceria dentro de seis meses e teria uma forte aceleração em dois a três anos, pois a moeda desvalorizada impulsionaria a competitividade e atrairia turistas.

Renascimento grego

“Poucas forças estão mais claramente demonstradas na história econômica do que o impulso aos investimentos e ao crescimento proveniente de uma grande e sustentada depreciação real”, disse Gagnon.

Para May, com a chance de um eventual renascimento grego, as autoridades europeias ficariam receosas de ajudar demais o país no caso de ele realmente deixar o bloco, embora precisem se assegurar de que a nação helênica conta com apoio suficiente para não se tornar um Estado falido.

“Se mais economias da parte sul do continente deixassem a zona do euro, o impacto poderia ser substancial”, disse ele.

“A melhor opção para o restante da Europa poderia ser fornecer à Grécia ajuda suficiente para evitar um desastre, mas não a ponto de fazer a saída da zona do euro parecer uma alternativa atrativa para outras economias do bloco”.

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Londres - Este é o cenário sobre o qual poucos comentam: e se a Grécia deixasse a zona do euro e sua economia prosperasse?

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À medida que o referendo do país sobre a austeridade se aproxima, os economistas formam fila para alertar que a saída do euro e o não pagamento de suas dívidas transformariam a Grécia em um pária ainda maior nos mercados financeiros e empurrariam o país para uma depressão mais profunda com as falências, o desemprego e a agitação social que isso implica.

Esse sofrimento, segundo a sabedoria popular, teria convencido países como Espanha e Portugal a se devotarem à austeridade estilo alemão e à reforma econômica que a adesão à moeda única exige.

Para alguns, uma zona do euro sem a Grécia seria menor, mas possivelmente mais forte.

Mas nesta semana os economistas da Oxford Economics Ltd. e do Citigroup Inc. deram voz à pergunta sobre o que aconteceria se a Grécia sacudisse a poeira dentro de alguns anos e aproveitasse uma moeda desvalorizada para voltar a registrar crescimento econômico.

Isso desafiaria a teoria de que deixar o euro seria um suicídio econômico.

E incentivaria outros membros a considerarem a desvalorização e o calote mais atrativos do que a vida dentro do euro, representando assim uma ameaça ainda maior à sustentabilidade do bloco monetário do que se a Grécia permanecesse nele.

Maior fragmentação

“Sob uma perspectiva econômica, uma das grandes ameaças de contágio de uma saída grega seria se a Grécia fosse embora e sua economia imediatamente começasse a crescer com força”, disse Ben May, da Oxford Economics.

“Em um cenário assim, o mais provável é que haja uma maior fragmentação da zona do euro, e não o contrário”.

No mínimo, “uma recuperação econômica notável” na Grécia faria com que o “apoio a forças paralelas em outros países pudesse de fato ser impulsionado”, disseram os economistas do Citigroup, em referência ao partido espanhol que se opõe às medidas de austeridade, o Podemos.

Os colegas de May usaram relatórios recentes para mostrar como a saída da Grécia da zona do euro pode não ser tão ruim.

Das 70 saídas de uniões monetárias ocorridas desde 1945, apenas uma pequena parte sofreu prejuízos agudos na produção e a Grécia pode ter margem para uma recuperação, considerando que sua queda de 25 por cento no produto interno bruto já está entre as mais severas das 137 crises econômicas ocorridas desde 1980, argumentam eles.

No Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington, o economista Joseph Gagnon escreveu nesta semana que, se a saída da Grécia do euro fosse gerenciada apropriadamente, a economia do país cresceria dentro de seis meses e teria uma forte aceleração em dois a três anos, pois a moeda desvalorizada impulsionaria a competitividade e atrairia turistas.

Renascimento grego

“Poucas forças estão mais claramente demonstradas na história econômica do que o impulso aos investimentos e ao crescimento proveniente de uma grande e sustentada depreciação real”, disse Gagnon.

Para May, com a chance de um eventual renascimento grego, as autoridades europeias ficariam receosas de ajudar demais o país no caso de ele realmente deixar o bloco, embora precisem se assegurar de que a nação helênica conta com apoio suficiente para não se tornar um Estado falido.

“Se mais economias da parte sul do continente deixassem a zona do euro, o impacto poderia ser substancial”, disse ele.

“A melhor opção para o restante da Europa poderia ser fornecer à Grécia ajuda suficiente para evitar um desastre, mas não a ponto de fazer a saída da zona do euro parecer uma alternativa atrativa para outras economias do bloco”.

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