É muito cedo para tirar Brasil do Bric, diz criador da sigla
Segundo Jim O’Neill, o Brasil ainda merece um lugar no grupo de economias emergentes mesmo após vários anos de crescimento lento
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 14h16.
Rio de Janeiro - O Brasil ainda merece um lugar no grupo de economias emergentes Bric mesmo após vários anos de crescimento lento, segundo Jim O’Neill, o ex-economista-chefe do Goldman Sachs Group Inc. que cunhou a sigla.
“Três anos, que é o período que o Brasil tem decepcionado, realmente não servem de base para uma conclusão como essa”, disse, quando perguntaram a ele se estava na hora de tirar o Brasil do grupo composto também pela Rússia, Índia e China.
“É claro que, se continuarem no mesmo caminho, não há garantia de que o Brasil e a Rússia continuarão sendo considerados Bric” até o fim da década, disse ele.
A presidente Dilma Rousseff promete aumentar a confiança do investidor reduzindo o déficit e freando a inflação, que está acima da meta, com a aplicação de limites aos gastos e incrementos às taxas de juros.
Os analistas consultados pelo Banco Central projetaram que as medidas provocarão uma desaceleração do crescimento em 2015 pelo segundo ano consecutivo, mas estimaram que a economia começará a se recuperar em 2016.
A expansão do Brasil em 2016 ainda ficaria atrás da observada na Índia e na China, cujas economias crescerão mais de 6 por cento cada, segundo a estimativa média dos analistas consultados pela Bloomberg.
O produto interno bruto da Rússia se expandirá menos de 1 por cento no ano que vem, após encolher em 2015, segundo a pesquisa.
Países como o Brasil estão sofrendo com a queda nos preços das commodities, que tem revelado “maus hábitos comportamentais”, como a interferência estatal na economia e a reduzida independência do Banco Central, que no governo Dilma é chefiado por Alexandre Tombini, disse O’Neill, colunista da Bloomberg View e ex-presidente do conselho da Goldman Sachs Asset Management International.
‘O problema’
“Eu dou aulas a alguns dos estrategistas brasileiros, como meu colega Tombini, do Banco Central, e eu digo a eles, vocês são mais chineses do que os chineses”, disse O’Neill, por telefone.
“Os chineses não querem mais ser chineses, e vocês acreditam que o Estado deve ser usado para tudo. E esse é o problema”.
A assessoria de imprensa presidencial não respondeu a um e-mail enviado após o horário comercial em busca de comentário sobre o papel do Estado na economia e a autonomia do BC.
Os estrategistas do Brasil precisam criar um fundo soberano de riqueza para acumular reservas quando os preços de commodities como o minério de ferro e a soja estiverem altos, disse O’Neill.
Eles também deveriam impulsionar a produtividade nos demais setores além das commodities, talvez recorrendo ao fundo soberano para investir em inovação, disse ele.
O’Neill disse que há muito tempo existe um ceticismo em relação à economia do Brasil, acrescentando que durante uma viagem ao país, em 2003, as pessoas o acusaram de colocar o Brasil ao lado da Rússia, Índia e China simplesmente para que a sigla soasse bem.
“Esta é, em parte, a razão pela qual foi tão fácil todos se apaixonarem pelo país quando viram que o Brasil estava tendo todo aquele crescimento”, disse ele. “É por isso também que foi tão fácil desapontar as pessoas” com a desaceleração da economia brasileira, disse ele.
Rio de Janeiro - O Brasil ainda merece um lugar no grupo de economias emergentes Bric mesmo após vários anos de crescimento lento, segundo Jim O’Neill, o ex-economista-chefe do Goldman Sachs Group Inc. que cunhou a sigla.
“Três anos, que é o período que o Brasil tem decepcionado, realmente não servem de base para uma conclusão como essa”, disse, quando perguntaram a ele se estava na hora de tirar o Brasil do grupo composto também pela Rússia, Índia e China.
“É claro que, se continuarem no mesmo caminho, não há garantia de que o Brasil e a Rússia continuarão sendo considerados Bric” até o fim da década, disse ele.
A presidente Dilma Rousseff promete aumentar a confiança do investidor reduzindo o déficit e freando a inflação, que está acima da meta, com a aplicação de limites aos gastos e incrementos às taxas de juros.
Os analistas consultados pelo Banco Central projetaram que as medidas provocarão uma desaceleração do crescimento em 2015 pelo segundo ano consecutivo, mas estimaram que a economia começará a se recuperar em 2016.
A expansão do Brasil em 2016 ainda ficaria atrás da observada na Índia e na China, cujas economias crescerão mais de 6 por cento cada, segundo a estimativa média dos analistas consultados pela Bloomberg.
O produto interno bruto da Rússia se expandirá menos de 1 por cento no ano que vem, após encolher em 2015, segundo a pesquisa.
Países como o Brasil estão sofrendo com a queda nos preços das commodities, que tem revelado “maus hábitos comportamentais”, como a interferência estatal na economia e a reduzida independência do Banco Central, que no governo Dilma é chefiado por Alexandre Tombini, disse O’Neill, colunista da Bloomberg View e ex-presidente do conselho da Goldman Sachs Asset Management International.
‘O problema’
“Eu dou aulas a alguns dos estrategistas brasileiros, como meu colega Tombini, do Banco Central, e eu digo a eles, vocês são mais chineses do que os chineses”, disse O’Neill, por telefone.
“Os chineses não querem mais ser chineses, e vocês acreditam que o Estado deve ser usado para tudo. E esse é o problema”.
A assessoria de imprensa presidencial não respondeu a um e-mail enviado após o horário comercial em busca de comentário sobre o papel do Estado na economia e a autonomia do BC.
Os estrategistas do Brasil precisam criar um fundo soberano de riqueza para acumular reservas quando os preços de commodities como o minério de ferro e a soja estiverem altos, disse O’Neill.
Eles também deveriam impulsionar a produtividade nos demais setores além das commodities, talvez recorrendo ao fundo soberano para investir em inovação, disse ele.
O’Neill disse que há muito tempo existe um ceticismo em relação à economia do Brasil, acrescentando que durante uma viagem ao país, em 2003, as pessoas o acusaram de colocar o Brasil ao lado da Rússia, Índia e China simplesmente para que a sigla soasse bem.
“Esta é, em parte, a razão pela qual foi tão fácil todos se apaixonarem pelo país quando viram que o Brasil estava tendo todo aquele crescimento”, disse ele. “É por isso também que foi tão fácil desapontar as pessoas” com a desaceleração da economia brasileira, disse ele.