Tiago Berriel, estrategista-chefe do BTG Pactual Asset Management (BTG Pactual/Divulgação)
Alessandra Azevedo
Publicado em 14 de setembro de 2021 às 15h43.
A taxa básica de juros da economia, a Selic, deve terminar o ciclo de altas em pelo menos 9%, projeta Tiago Berriel, estrategista-chefe do BTG Pactual Asset Management. Ele falou sobre as perspectivas para a economia durante participação no MacroDay 2021, evento do banco BTG Pactual, nesta terça-feira, 14.
Berriel afirmou que a diretoria do Banco Central dizia que faria “whatever it takes”, ou seja, o que fosse necessário, para controlar a inflação, mas sem explicar que tipo de medidas, de fato, seriam tomadas. Para o estrategista-chefe, a autoridade monetária foi mais específica nesta segunda-feira, no evento do banco.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, deixou claro, segundo Berriel, que a alta na Selic seguirá um ritmo de 100 pontos-base. Tomou a decisão, portanto, de “minimizar o risco de um ciclo excessivo, mas tomando algum risco de deterioração das expectativas e projeções no curto prazo”.
Há dúvidas sobre como o instrumento marginal, que é o tamanho do ciclo, vai ser usado. Mas, tomando essa direção, é "muito improvável” que o BC consiga terminar o ciclo de altas abaixo de 9%, disse Berriel. Como são previstas mais três altas de 100 pontos-base até o fim do ano, a taxa de juros deve fechar 2021 em 8,25%. Já em março, deve ficar entre 9% e 9,5%, pelas estimativas dele.
Berriel também comentou que a taxa de juros neutra tem sido definida por volta de 3% pelo Banco Central, apesar de ser difícil de estimar. "O BC tem sido extremamente transparente com relação à expectativa de juro neutro em torno de 3%", disse.
"Mesmo que você tenha alguma duvida sobre seu nível de neutro, a gente estaria num nível restritivo perto de 9%, 9,5%, mesmo com expectativa de inflação em torno de 4%", disse Berriel.