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É dando que se recebe

Costa Rica, Irlanda e Alemanha oferecem incentivos para atrair investimentos

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h03.

De 16 a 18 de abril, a Microsoft realizará no seu QG, em Redmond, na costa noroeste dos Estados Unidos, um encontro anual com figurões do mundo todo. Neste ano, um dos palestrantes convidados será Vicente Fox, o presidente do México. É comum que chefes de Estado aceitem o convite de Bill Gates, mesmo sabendo que o encontro é, no fundo, uma promoção da Microsoft. Do Brasil, a empresa já recebeu uma resposta-padrão à consulta: os presidentes brasileiros não aceitam esse tipo de convite.

"O Brasil é um consumidor de tecnologia importante, mas é preciso haver uma conscientização em todos os círculos para tirar o atraso como desenvolvedor", diz Mauro Muratório Not, diretor de estratégia corporativa da Microsoft para a América Latina. "O presidente da República tem de ser um vendedor do país." Foi num desses encontros da Microsoft que José Maria Figueres, presidente da Costa Rica, vendeu seu peixe. "Ele queria atrair uma indústria de chips para seu país e perguntou a Bill Gates se poderia ajudá-lo", lembra Muratório. "O Bill começou a falar a respeito e a Intel resolveu visitar a Costa Rica." Em 1997, a Intel inaugurou sua fábrica no país com investimento de 500 milhões de dólares. Dois anos depois, a unidade estava faturando 2,5 bilhões de dólares e respondia por 40% das exportações costa-riquenhas, antes restritas a café e bananas.

O caso da Intel na Costa Rica é emblemático da concorrência entre países por investimentos de porte. Não foi apenas o empenho pessoal de Figueres que decidiu a parada -- por sinal, disputada também por Chile, México e Brasil. A Costa Rica ofereceu à Intel, entre outras vantagens, isenção total de impostos de importação e exportação -- municipais e sobre o lucro -- e montou um posto da alfândega dentro da fábrica. Também criou programas especiais de treinamento e estendeu as regalias às 190 empresas estrangeiras instaladas em sua zona franca.

Coisa de país pequeno e subdesenvolvido? A mais recente fábrica de processadores inaugurada no mundo fica em Dresden, na Alemanha. O investimento, de 3 bilhões de dólares, foi feito pela americana AMD, concorrente da Intel. Para atrair a AMD a uma região da antiga Alemanha Oriental deprimida economicamente, o governo alemão concedeu até doação em dinheiro. "Eles não queriam perder os doutores em eletrônica, que acabariam emigrando", diz Celso Previdelli, gerente-geral da AMD no Brasil. Assim como os alemães, também britânicos, coreanos e americanos fazem de tudo para incentivar a instalação de indústrias que possam ser decisivas para o crescimento de suas economias. "A guerra fiscal entre os estados americanos, como Oregon, Arizona e Idaho, é violenta", diz Vanda Scartezini, secretária de Política de Informática do Ministério do Desenvolvimento.

Um dos países mais bem-sucedidos com a política de atração de investimentos estrangeiros é a Irlanda. Atualmente, nas áreas de eletrônica e software, mais de 300 empresas multinacionais estão instaladas no território irlandês com operações de fabricação e desenvolvimento. São nomes como IBM, Compaq, Fujitsu, Motorola, HP e Intel. Cerca de um terço dos microcomputadores vendidos na Europa é montado na Irlanda. Grandes laboratórios farmacêuticos, como Eli Lilly, Roche e Schering Plough também estão presentes com bases de pesquisa e manufatura. Geram exportações de 6 bilhões de dólares por ano. A estratégia da Irlanda foi posta em prática em 1986, com um documento chamado Industrial Development Act, que criou uma agência de incentivos e definiu os critérios dos projetos que interessavam ao país. Entre eles figurava a produção de bens para o mercado mundial, atualizados e de preferência com tecnologia avançada. Em troca, vantagens como impostos baixos, depreciação acelerada em áreas carentes de revitalização e estímulo à pesquisa e desenvolvimento -- as empresas podem deduzir dos lucros tributáveis valores equivalentes a cinco vezes seus gastos com pesquisa. Resultado: um estudo da consultoria KPMG verificou que a Irlanda é um dos locais mais lucrativos para investimento no mundo. Para o país, o retorno também tem sido excepcional: antes um dos mais pobres da Europa, multiplicou seu PIB de 21 bilhões de dólares em 1980 para 94 bilhões em 2000. A renda per capita no período cresceu à taxa média de 6,5% ao ano.

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