Dívida pública cresce 2,2% em setembro com juros e novas emissões
Praticamente 40% da dívida é de curto prazo, isto é, vence nos próximos 12 meses
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.
Apesar da austeridade fiscal e da política de contenção de gastos, a dívida pública federal, representada pelo montante de títulos públicos em circulação no mercado, cresceu 2,20% em setembro e somou 1,06 trilhão de reais. Os compromissos do governo aumentaram devido à emissão líquida (emissões menos resgates) de 10,8 bilhões de reais em novos papéis e pelo aumento do volume de juros a pagar. Apesar da alta, o Banco Central e o Tesouro Nacional informam que a dívida está dentro dos limites previstos pelo Plano Anual de Financiamento, que prevê um montante entre 1,13 trilhão e 1,20 trilhão de reais para 2006.
Segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira (23/10), os papéis atrelados à taxa básica de juros (Selic) representam a maior fatia da dívida - 44,79%, ou 475,58 bilhões de reais (após swap). Apesar de alta, essa parcela vem caindo ao longo do ano. Em janeiro, os papéis remunerados pela Selic respondiam por 52,60% do total daquele mês. Em seguida, vêm os títulos com juros prefixados. Esses papéis, ao contrário, estão ampliando seu peso sobre o perfil da dívida. Em setembro, corresponderam a 348,62 bilhões de reais, ou 32,83% do total. Em janeiro, sua participação era de 26,70%. Já os atrelados a índices de preço estão estáveis ao longo do ano - um sinal de que os investidores não acreditam em um repique inflacionário. No último mês, o montante chegou a 228,40 bilhões de reais, ou 21,51% do total. Esse patamar foi mantido durante a maior parte de 2006, mas, em janeiro, era de 19,15%.
Os dados do BC e do Tesouro mostram que o Brasil continua convivendo com uma concentração grande de papéis que vencem no curto prazo, ou seja, em 12 meses. Em setembro, 39,99% dos títulos tinham esse vencimento, o equivalente a 424,59 bilhões de reais. Em dezembro de 2003 - final do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva - a parcela de curto prazo era de 35,34% do total da dívida. O percentual subiu até 46,08% em dezembro do ano seguinte, e abriu janeiro de 2006 em 40,57%.