O ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, decidiu se desligar do governo após avaliar como política a decisão do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, de não remeter o pedido de intervenção no Espírito Santo para análise do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Estranho inclusive que ele (Geraldo Brindeiro) tome a decisão junto com o presidente da República porque o procurador manifesta-se nos autos. Se ele tinha sua manifestação, que fizesse nos autos. Deixou de ser uma manifestação jurídica para ser política", avalia o ministro.

Mostrando-se desconfortável com a crise política, o ministro disse que se sentiu desautorizado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso por não ter recebido sequer uma ligação telefônica sobre a decisão.

"Eu não posso ser desautorizado porque não terei forças para continuar dando ordens à força-tarefa (que combate o crime organizado no Rio), à Polícia Federal, porque as ordens que eu dou hoje poderão ser desfeitas amanhã sem meu conhecimento", disse.