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Denúncias contra Meirelles não gerarão crise política grave

Bom momento da economia e confiança do mercado na condução da política monetária atenuam os efeitos do episódio

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

As denúncias contra os presidentes do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, não deverão causar nenhuma crise política significativa para o governo. Ao contrário do tumulto provocado pelo Caso Waldomiro Diniz (leia reportagem da revista EXAME sobre as denúncias que envolveram o ministro Antonio Palocci em fevereiro), o escândalo não deteriorará a confiança do mercado, mesmo na remota hipótese de afastamento de Meirelles do BC. Segundo relatório do Centro de Estudos em Economia e Política da FaculdadeTrevisan, o efeito mais negativo do episódio, segundo o texto, será o adiamento da discussão sobre a autonomia do BC para 2005.

Conforme o centro de estudos, a crise política causada pelas denúncias está sob controle por três motivos. O primeiro é o bom momento vivido pela economia brasileira, que atenua o impacto das suspeitas. O segundo é que as acusações contra Meirelles e Casseb são de natureza privada e não se referem ao seu comportamento frente aos bancos que comandam. Por fim, "o mercado tem um horizonte de previsibilidade suficientemente sólido quanto à condução da política econômica e quanto à relação do governo com o BC que não seria posto em dúvida por um eventual afastamento de Meirelles", diz o relatório.

O centro de estudos reconhece, porém, que o episódio enfraquece a autoridade e a legitimidade dos envolvidos, como ocorreu em outras situações. Os analistas destacam que o principal efeito colateral será o adiamento, para 2005, das discussões sobre a autonomia do BC. Prevista para ser apresentada ao Congresso ainda neste ano, a proposta não terá uma tramitação fácil, mesmo no próximo ano, conforme os analistas, já que enfrenta a resistência de parlamentares, sobretudo os do PT, base de apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Convocação

A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou hoje requerimentos convidando Meirelles e Casseb a esclarecerem dúvidas sobre as denúncias de sonegação fiscal. Apresentados pelo PSDB e pelo PFL, os requerimentos também cobram explicações sobre o patrocínio, pelo Banco do Brasil, do show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, realizado em Brasília, para arrecadar fundos para a construção da sede local do PT.

As datas das audiências ainda não foram definidas. Para o presidente da Comissão, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), o governo está tranqüilo e deseja transparência na condução deste caso.

Com informações da Agência Brasil.

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