Demanda fraca altera expectativa da indústria, diz FGV
"O movimento se parece muito mais com uma aterrissagem do que com uma decolagem", exemplificou
Da Redação
Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 14h21.
São Paulo - A queda de 1,5 ponto no Índice de Confiança da Indústria (ICI) para 74,7 pontos em fevereiro sinaliza que a ligeira recuperação do indicador nos últimos meses não deve se confirmar como uma melhora efetiva na percepção dos empresários do setor.
O indicador devolveu, no segundo mês do ano, mais da metade da alta acumulada desde agosto, quando atingiu o piso histórico de 73,5 pontos, ressaltou o superintendente adjunto para ciclos econômicos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas ( FGV ), Aloisio Campelo Jr.
"O movimento se parece muito mais com uma aterrissagem do que com uma decolagem", exemplificou.
O especialista ressalta que a avaliação sobre a demanda interna, sobre a demanda agregada, o ímpeto de contratações para os três meses à frente e o nível de utilização da capacidade instalada caíram para os menores níveis de suas séries, iniciadas em 2001.
"A pesquisa mostra que a fraqueza da demanda interna suprime os efeitos positivos de fatores que poderiam atenuar o pessimismo no setor, que são o nível do câmbio e o ajuste dos estoques,", disse Campelo.
Segundo o economista do Ibre, a percepção sobre a demanda interna é tão ruim que gera pessimismo para os próximos meses.
Não por acaso, o Índice de Expectativas (IE) foi determinante para o recuo da confiança em fevereiro, ao cair 2,8 pontos, para 72,6 pontos, também o menor nível nos 15 anos da série.
"Apesar de a percepção sobre a demanda externa estar acima da média histórica, o indicador de demanda interna está tão baixo que derrubou a demanda agregada ao menor nível histórico", pontuou.
Mesmo em um nível mais alto, já não há o mesmo otimismo que havia antes em relação ao cenário externo, que já foi considerado uma espécie de tábua de salvação para algumas empresas devido ao aumento de competitividade com a desvalorização do real ante o dólar.
"Em relação à construção, aos serviços e ao comércio, a indústria é a que pode se beneficiar mais da frente externa. Mas pode ter havido uma limitação deste efeito positivo devido ao cenário global um pouco duvidoso", disse Campelo, em referência à desaceleração da China e dúvidas sobre o crescimento nos Estados Unidos.
Dos 19 segmentos pesquisados, apenas cinco registraram aumento na confiança na passagem de janeiro para fevereiro: indústria química, limpeza e perfumaria, metalurgia, máquinas e equipamentos e outros equipamentos de transportes.
Quanto ao emprego previsto, a proporção de indústrias que pretendem contratar está no menor nível desde 2001.
"Apenas 7,9% das 1.101 empresas pesquisadas dizem que pretendem aumentar o total de pessoal ocupado nos próximos três meses", revela Campelo.
Por outro lado, o nível das que pretendem demitir avançou de 21,0% para 29,1% entre janeiro e fevereiro. "A proporção é alta, mas já foi mais elevada", ponderou.
De maneira geral, a indústria está sinalizando mais uma diminuição da produção no primeiro semestre de 2016, na avaliação do especialista.
"Se a indústria ficasse estável a queda na produção em 2016 já seria de 6,2%. Se houver mesmo essa redução no primeiro trimestre, vai ser preciso algum crescimento ao longo do ano para não haver um desempenho ainda mais fraco neste ano", estimou.
Campelo considera que o desempenho do mercado interno será determinante para concretizar uma melhora na confiança da indústria.
"Se o consumo das famílias parar de piorar tão fortemente, o setor pode ver confirmado um cenário de ligeira melhora que parecia esboçar até a virada do ano", avaliou.
São Paulo - A queda de 1,5 ponto no Índice de Confiança da Indústria (ICI) para 74,7 pontos em fevereiro sinaliza que a ligeira recuperação do indicador nos últimos meses não deve se confirmar como uma melhora efetiva na percepção dos empresários do setor.
O indicador devolveu, no segundo mês do ano, mais da metade da alta acumulada desde agosto, quando atingiu o piso histórico de 73,5 pontos, ressaltou o superintendente adjunto para ciclos econômicos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas ( FGV ), Aloisio Campelo Jr.
"O movimento se parece muito mais com uma aterrissagem do que com uma decolagem", exemplificou.
O especialista ressalta que a avaliação sobre a demanda interna, sobre a demanda agregada, o ímpeto de contratações para os três meses à frente e o nível de utilização da capacidade instalada caíram para os menores níveis de suas séries, iniciadas em 2001.
"A pesquisa mostra que a fraqueza da demanda interna suprime os efeitos positivos de fatores que poderiam atenuar o pessimismo no setor, que são o nível do câmbio e o ajuste dos estoques,", disse Campelo.
Segundo o economista do Ibre, a percepção sobre a demanda interna é tão ruim que gera pessimismo para os próximos meses.
Não por acaso, o Índice de Expectativas (IE) foi determinante para o recuo da confiança em fevereiro, ao cair 2,8 pontos, para 72,6 pontos, também o menor nível nos 15 anos da série.
"Apesar de a percepção sobre a demanda externa estar acima da média histórica, o indicador de demanda interna está tão baixo que derrubou a demanda agregada ao menor nível histórico", pontuou.
Mesmo em um nível mais alto, já não há o mesmo otimismo que havia antes em relação ao cenário externo, que já foi considerado uma espécie de tábua de salvação para algumas empresas devido ao aumento de competitividade com a desvalorização do real ante o dólar.
"Em relação à construção, aos serviços e ao comércio, a indústria é a que pode se beneficiar mais da frente externa. Mas pode ter havido uma limitação deste efeito positivo devido ao cenário global um pouco duvidoso", disse Campelo, em referência à desaceleração da China e dúvidas sobre o crescimento nos Estados Unidos.
Dos 19 segmentos pesquisados, apenas cinco registraram aumento na confiança na passagem de janeiro para fevereiro: indústria química, limpeza e perfumaria, metalurgia, máquinas e equipamentos e outros equipamentos de transportes.
Quanto ao emprego previsto, a proporção de indústrias que pretendem contratar está no menor nível desde 2001.
"Apenas 7,9% das 1.101 empresas pesquisadas dizem que pretendem aumentar o total de pessoal ocupado nos próximos três meses", revela Campelo.
Por outro lado, o nível das que pretendem demitir avançou de 21,0% para 29,1% entre janeiro e fevereiro. "A proporção é alta, mas já foi mais elevada", ponderou.
De maneira geral, a indústria está sinalizando mais uma diminuição da produção no primeiro semestre de 2016, na avaliação do especialista.
"Se a indústria ficasse estável a queda na produção em 2016 já seria de 6,2%. Se houver mesmo essa redução no primeiro trimestre, vai ser preciso algum crescimento ao longo do ano para não haver um desempenho ainda mais fraco neste ano", estimou.
Campelo considera que o desempenho do mercado interno será determinante para concretizar uma melhora na confiança da indústria.
"Se o consumo das famílias parar de piorar tão fortemente, o setor pode ver confirmado um cenário de ligeira melhora que parecia esboçar até a virada do ano", avaliou.