Economia

Deflação bate à porta da zona do euro

A Eurostat anunciou que preços subiram no ano passado a 0,8%. Um nível muito baixo se comparado à meta de 2% que o Banco Central Europeu fixou para a inflação


	Euro: risco de ver a zona euro cair em deflação é "limitado", disse na quinta-feira o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann
 (Getty Images)

Euro: risco de ver a zona euro cair em deflação é "limitado", disse na quinta-feira o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2014 às 17h44.

O BCE e alguns economistas não acreditam que a zona do euro vai cair em deflação, embora prevejam um período prolongado de inflação baixa, enquanto o FMI e outros especialistas alertam sobre o risco de paralisia econômica duradoura.

O escritório europeu de estatísticas ofereceu na quinta-feira um novo elemento para o debate que se prolonga há meses e que está se transformando em uma batalha ideológica. A Eurostat anunciou que os preços subiram no ano passado a 0,8%.

Um nível muito baixo se comparado à meta de 2% que o Banco Central Europeu fixou para a inflação.

O risco de ver a zona euro cair em deflação é "limitado", disse na quinta-feira o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, que também ocupa uma cadeira na diretoria do BCE.

"Não está ligado tanto ao fato de que as previsões atuais de inflação a longo prazo estão solidamente ancoradas em torno de 2%", disse, mas também que "sobretudo, estamos em uma fase de recuperação, o que aumnetará pouco a pouco o ritmo da inflação".

Weidmann é produto do pensamento alemão, que considera a inflação como o pior flagelo da economia. A descontrolada inflação dos anos 1920 na Alemanha propiciou a chegada ao poder do nazismo.

Weidmann não está sozinho. O presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, também vê um perigo iminente de deflação que necessite uma ação urgente da instituição.


O espectro do Japão e seus quinze anos de deflação

Por outro lado, a diretora gerente do Fundo Monetáario Internacional, Christine Lagarde, alertou na quarta-feira para os "riscos crescentes" da deflação e alertou sobre as "consequências desastrosas que teria para a recuperação", pedindo a mobilização geral contra este "monstro que tem que ser combatido".

O caso do Japão, cuja economia está a uma dezena de anos em estado de coma, está na mente dos que temem este fenômeno. Embora os preços tenham registrado, em novembro, sua maior alta em cinco anos, ainda é cedo para cantar vitória.

Alguns economistas como Holger Schmieding, do Berenberg Bank, consideram este temor "exagerado" e preferem destacar o impacto positivo que tem para os consumidores a desaceleração da inflação, em particular, a melhora do humor dos mercados.

Christoph Weil, do Commerzbank, afirma, por sua vez, que a última desaceleração da inflação na zona do euro se explica apenas por fatores excepcionais do tipo fiscal.

Já Isabelle Job-Bazille, do Crédit Agricole, não compartilha deste otimismo porque "não basta se basear nas previsões de inflação a médio prazo", das quais o BCE fala e que, efetivamente, projetam uma alta dos níveis acima da zona de perigo, a cerca de 2%.

Para a economista, o risco é que não se perceba a chegada da inflação e a note apenas quando ela estiver instalada.

Job-Bazille considera que "o mais estranho é que só surja esta questão agora, já que a estratégia europeia é profundamente deflacionista", com a corrida que todos os países empreenderam para a austeridade e a competitividade, o que, sem dúvida, repercute nos salários e nos preços.

"Não é uma estratégia muito cooperativa", lamenta.

Acompanhe tudo sobre:InflaçãoPreçosZona do Euro

Mais de Economia

BNDES firma acordo de R$ 1,2 bilhão com a Agência Francesa para projetos no Brasil

Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto

Câmara aprova projeto do governo que busca baratear custo de crédito