Economia

Dar US$ 1 mil para cada americano salva os EUA da crise do coronavírus?

Economista diz que Trump deveria dar o valor para cada americano com a finalidade de estimular o consumo

Retração: o banco JP Morgan prevê que a economia dos EUA deve encolher 2% no primeiro quadrimestre (Getty Images/Getty Images)

Retração: o banco JP Morgan prevê que a economia dos EUA deve encolher 2% no primeiro quadrimestre (Getty Images/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 13 de março de 2020 às 19h30.

Última atualização em 13 de março de 2020 às 20h14.

São Paulo — Novas ideias, algumas bastante inusitadas, estão surgindo como tentativa de recolocar nos trilhos as finanças dos países mais atingidos pelo coronavírus, que vem derrubando bolsas e prejudicando diversos setores da economia mundo afora.

O economista americano Andrew Freris, presidente da consultoria Ecognosis Advisory, sediada em Hong Kong, disse que o presidente Donald Trump deveria dar 1.000 dólares por mês para cada americano.

“A principal preocupação é o que vai acontecer com a economia em face do surto da doença”, disse Freris nesta sexta-feira 13 à emissora de TV americana CNBC.

A pandemia causada pelo vírus, que já chegou a 137 países, está sendo considerada um dos maiores desafios dos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008. Os setores de aviação, restaurantes, entretenimento e varejo são, até o momento, os mais prejudicados.

O banco JP Morgan divulgou um comunicado nesta sexta-feira 13 com uma previsão de retração da economia americana em 2% nos primeiros quatro meses do ano.

Para não deixar a economia descer ladeira abaixo, o governo americano estuda lançar um pacote de ajuda financeira para as pequenas e médias empresas, que teriam menos fôlego para resistir à crise.

No último dia 3, o governo americano realizou uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juro, numa tentativa de estimular o setor produtivo. Foi o primeiro corte emergencial desde 2008.

Ainda assim, alguns economistas, como Freris, acham que ainda é pouco. “Hong Kong fez uma coisa ótima”, disse. “O governo anunciou que vai dar cerca de 1.280 dólares mensais para todos os seus cidadãos.”

Freris não parou aí, acrescentando que, se cada um dos cerca de 330 milhões de habitantes dos Estados Unidos recebessem 1.000 dólares por mês, em três meses haveria 1 bilhão de dólares a mais em circulação no mercado. “Esse dinheiro iria diretamente para o consumo.”

A sugestão não demorou a ser rebatida por outros economistas, como Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe da consultoria americana Asia at Natixis. “Esse tipo de ajuda corre o risco de ser ineficaz porque as pessoas podem simplesmente não preferir gastar seu dinheiro em uma época de incertezas”, disse.

Além disso, há diferenças abissais entre Hong Kong, um pequeno território de 7 milhões de habitantes que luta por sua independência da China, e os Estados Unidos, com suas dimensões continentais, lembrou ela.

“Jogar o dinheiro de helicóptero para a população é algo que pode não ter o efeito esperado”, disse Alicia. “Poderia até atrapalhar, colocando mais pressão sobre o dólar, e não é isso que queremos.”

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