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Crise pode contaminar economia real no Brasil, diz Financial Times

Jornal britânico cita o Brasil como exemplo de que a instabilidade do sistema financeiro pode desequilibrar os fundamentos macroeconômicos na América Latina

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Um dos mais prestigiados jornais de economia do mundo, o britânico Financial Times, afirma em sua versão online desta segunda-feira (20/08)  que a crise no mercado imobiliário americano e a conseqüente agitação nos mercados financeiros mundiais podem prejudicar o desempenho da economia real no Brasil, caso os bancos centrais americano e de outros países não sejam capazes de evitar que a instabilidade prossiga.

O comentário quanto à vulnerabilidade brasileira aparece em artigo assinado por Richard Lapper e Jonathan Wheatley, jornalistas da seção de América Latina, a respeito do possível impacto da crise na região.

Os autores dizem que a agitação atual pode provar que os políticos locais estavam errados, ao imaginar que contágio de instabilidades financeiras para os países da área fosse coisa do passado. De acordo com o jornal, se as medidas dos bancos centrais funcionarem, a crise terá impacto limitado e a normalidade voltará, mas se a volatilidade persistir nos próximos meses, trará conseqüências a longo prazo.

"Balanças comerciais e outros fundamentos vão se deteriorar. Investimentos produtivos ficarão mais escassos. Ineficiências devem se tornar mais evidentes. A aversão ao risco será ressaltada. A região pode não estar tão blindada quanto acreditam seus líderes", dizem os jornalistas.

Como exemplo de que as conseqüências da crise podem ir além do problema de liquidez, o FT cita o fato de a cotação do dólar ter saltado, no Brasil, de1,84 reais, em 23 de julho, para 2,13 reais, nos momentos de maior alta, na semana passada.

"Esse é um alarme bem alto de atenção para a inflação. A força do câmbio tem sido um aliado fundamental do banco central no combate à elevação de preços, mas agora não é mais um fator confiável", afirmam Lapper e Wheatley.

Outro ponto que desperta preocupação para o Brasil, na visão dos repórteres, é a possibilidade de a busca por liquidez, acentuada pela crise, tornar mais freqüentes as oscilações no preço das commodities, no mercado internacional - uma ameaça aos superávits brasileiros.

"A relativa prosperidade brasileira nos últimos anos tem sido sustentada pela demanda global, liderada pela China, por seus produtos para exportação, especialmente as commodities", explicam.

Os autores concluem que a soma desses fatores são "uma clara ameaça" à recente estabilidade macroeconômica latino-americana.

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