Economia

Crise das hipotecas ameaça 100 mil empregos nos EUA

Demissões nas áreas de crédito e venda imobiliária reforçam evidências de contaminação da economia real

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h59.

A crise das hipotecas nos Estados Unidos preocupa os analistas quanto à possibilidade de mais cortes massivos de empregos no setor imobiliário americano. Segundo o jornal britânico Financial Times desta quarta-feira (12/09), chega a 100 mil o número de vagas em risco significativo de serem fechadas nos próximos meses.

Essa estimativa baseia-se no cálculo feito por especialistas de que o número de novas unidades vendidas deve cair pelo menos 24%, este ano, o que levaria as empresas a reduzir em no mínimo 20% o quadro de funcionários.

"O número pode ser ainda maior. A explosão imobiliária levou uma grande quantidade de profissionais para essa área e há vários anos ela já carrega um ';peso excessivo';", afirmou ao FT o consultor Guy Cecala, da Inside Mortgage Finance.

Segundo o departamento do governo americano responsável pelas estatísticas trabalhistas, existiam, em julho de 2007, 457 mil pessoas empregadas nos ramos de crédito imobiliário e de corretagem de imóveis no país, aumento de 38% em relação ao mesmo período de 2000, antes do início do "boom" imobiliário.

Impacto já é visível

Os cortes em potencial podem aprofundar o número já elevado de demissões motivadas pela crise. Em agosto, o setor dispensou 80 mil pessoas, alta de 85% em relação a julho, de acordo com a consultoria de recolocação Challenger, Gray & Christmas.

As áreas ligadas a empréstimos para hipoteca, nos bancos e financeiras, estão entre as que mais sentem o efeito do cenário negativo nos negócios - só no mês passado, demitiram 36 mil funcionários. Na semana passada, foi a vez de a empresa líder nos empréstimos para hipotecas, a Countrywide Financial, anunciar 12 mil cortes, o equivalente a 20% da força de trabalho da companhia. Na conta do ano todo, o setor financeiro acumula 103 mil demissões e deve ultrapassar o pico de 117 mil pessoas dispensadas, alcançado na recessão de 2001, ano dos atentados ao World Trade Center.

O impacto da redução nos postos de trabalho no mercado imobiliário atingiu as bolsas americanas na última sexta-feira (07/09), quando o anúncio da primeira queda no nível de emprego americano desde 2003, motivada principalmente pelos cortes na construção civil, levou o índice Dow Jones, que mede a Bolsa de Nova York, a cair 1,87%.

Para muitos analistas, esse foi o primeiro sinal mais concreto de que a crise das hipotecas começa a contaminar a economia real.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Reforma Tributária: Carne fora da cesta básica, absorvente isento e imposto para carro elétrico

Qual será a nova cesta básica da Reforma Tributária? Veja a lista

Reforma tributária: carros para PCD com isenção de imposto deverão custar até R$ 150 mil

Reforma tributária: uísque e cachaça terão alíquota de imposto maior que cerveja

Mais na Exame