Crescimento dos investimentos alivia pressão inflacionária no futuro, diz Iedi
Aumento de 7,4% na Formação Bruta de Capital Fixo mostra que a produção evolui com intensidade suficiente para fazer frente ao aumento da demanda
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2010 às 15h15.
São Paulo - O forte crescimento dos investimentos reportado pelo IBGE nesta terça-feira (8/6) foi comemorado principalmente pela indústria. Segundo especialistas no setor, o aumento de 7,4% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) indica uma saudável expansão da capacidade produtiva do país. Ao mesmo tempo, a alta de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), puxada em grande parte pelo consumo, não sugere uma expansão arriscada da economia, justamente porque a produção tende a aliviar as pressões da demanda no futuro.
"A indústria vai crescer junto com os investimentos. Portanto, não dá para afirmar que as luzes do superaquecimento se acenderam", avalia Rogério de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ele explica que a preocupação com o impacto do aumento do consumo na inflação é legítima, mas afirma também que é a expansão dos investimentos o elemento necessário para atender à demanda.
O assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), Fábio Pina, complementa o raciocínio. "É importante monitorar a FBCF porque, embora haja o lado do aquecimento do consumo interno, os investimentos reportados agora indicam qual será a capacidade produtiva do país daqui a um tempo."
Indústria e inflação
Comparando o crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2010 com o período imediatamente anterior, o indicador referente à indústria é, sem dúvida, um destaque. O aumento registrado foi de 4,9%. Entretanto, para Rogério de Souza, do Iedi, fica difícil afirmar que o ritmo manterá a mesma intensidade nos próximos trimestres.
"Não estou dizendo que não vai crescer, pelo contrário. Haverá um desenvolvimento, mas não na mesma medida. A indústria brasileira acaba de se recuperar de uma crise, então é natural que haja uma puxada mais forte", explica, referindo-se ao salto de produção registrado pelo setor industrial no começo do ano, reflexo de uma série de medidas de incentivo do governo.
Por outro lado, o economista destaca que este crescimento, que ele qualifica como "saudável", pode ser prejudicado pelas políticas de controle inflacionário adotadas pelo Banco Central. Às vésperas de mais um ajuste na taxa Selic, será anunciado nesta quarta-feira (9/6), Rogério de Souza lembra que o aumento dos juros pode inibir os investimentos no futuro.
"Concordo que a massa salarial forte e o crédito podem gerar pressões pelo lado do consumo. Isso acontece porque a demanda pode se tornar maior que a oferta. Entretanto, se você mexe nas taxas de juros, não consegue efeitos pontuais. Acaba encarecendo os financiamentos como um todo, e desestimula os investimentos destinados justamente à ampliação da nossa capacidade em atender às necessidades", afirma.
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