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Crescimento do PIB deve ser mais modesto nos próximos trimestres

Dados de abril e maio mostram que a economia brasileira está em desaceleração; cenário internacional é nebuloso

Tombini, do BC: a responsabilidade pela calibragem da política monetária é dele (Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2011 às 10h14.

São Paulo – A alta de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre divulgado nesta sexta-feira (3) “esconde” um processo de desaquecimento já em curso da economia brasileira.

Se anualizado, esse crescimento trimestral significaria uma expansão de 5,2% neste ano, o que não vai acontecer por diversos motivos (o mercado prevê alta de 4% para o PIB em 2011).

O primeiro deles é que o Banco Central pisou no freio da atividade econômica para não perder o controle da inflação, que atualmente flutua acima do teto da meta de 6,5% quando se observam os dados acumulados em 12 meses.

Além de elevar os juros básicos, o Banco Central adotou medidas macroprudenciais que estão esfriando o crédito ao consumidor. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode vir com mais uma dose do “remédio amargo”, embora os empresários defendam a manutenção da taxa Selic.

O segundo ponto que explica um crescimento menor neste ano é o ajuste fiscal prometido – e, por enquanto, cumprido – pelo governo federal. É legítimo questionar a qualidade desse “esforço fiscal”, que acontece via aumento de arrecadação e corte de investimentos, mas o fato é que o resultado na economia é contracionista.

O terceiro motivo independe de qualquer vontade do governante de plantão. Trata-se da falta de infraestrutura – portos, aeroportos, rodovias, mão de obra etc – que, se não impede totalmente a expansão econômica no curto prazo, encarece o custo de produção.

Isso tira a competitividade das nossas exportações, que poderiam ser um dos motores do crescimento, além de tornar o produto mais caro para o consumidor brasileiro. Com o atual nível de investimentos públicos e privados, é insustentável crescer 7,5% ao ano sem pressionar a inflação.

Dá para afirmar, portanto, que essa desaceleração prevista para os próximos trimestres chega a ser saudável na medida em que evita que a economia brasileira opere acima da sua capacidade. O risco, no entanto, é exagerar no freio num contexto em que o mundo desenvolvido parece não mostrar força suficiente para se livrar dos efeitos da crise e a China dá sinais de moderação. O cenário externo é realmente nebuloso.

É essa calibragem sob responsabilidade da Fazenda e do Banco Central que pode determinar o tamanho do sucesso – ou do fracasso – econômico do Brasil nos próximos anos.

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Se anualizado, esse crescimento trimestral significaria uma expansão de 5,2% neste ano, o que não vai acontecer por diversos motivos (o mercado prevê alta de 4% para o PIB em 2011).

O primeiro deles é que o Banco Central pisou no freio da atividade econômica para não perder o controle da inflação, que atualmente flutua acima do teto da meta de 6,5% quando se observam os dados acumulados em 12 meses.

Além de elevar os juros básicos, o Banco Central adotou medidas macroprudenciais que estão esfriando o crédito ao consumidor. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode vir com mais uma dose do “remédio amargo”, embora os empresários defendam a manutenção da taxa Selic.

O segundo ponto que explica um crescimento menor neste ano é o ajuste fiscal prometido – e, por enquanto, cumprido – pelo governo federal. É legítimo questionar a qualidade desse “esforço fiscal”, que acontece via aumento de arrecadação e corte de investimentos, mas o fato é que o resultado na economia é contracionista.

O terceiro motivo independe de qualquer vontade do governante de plantão. Trata-se da falta de infraestrutura – portos, aeroportos, rodovias, mão de obra etc – que, se não impede totalmente a expansão econômica no curto prazo, encarece o custo de produção.

Isso tira a competitividade das nossas exportações, que poderiam ser um dos motores do crescimento, além de tornar o produto mais caro para o consumidor brasileiro. Com o atual nível de investimentos públicos e privados, é insustentável crescer 7,5% ao ano sem pressionar a inflação.

Dá para afirmar, portanto, que essa desaceleração prevista para os próximos trimestres chega a ser saudável na medida em que evita que a economia brasileira opere acima da sua capacidade. O risco, no entanto, é exagerar no freio num contexto em que o mundo desenvolvido parece não mostrar força suficiente para se livrar dos efeitos da crise e a China dá sinais de moderação. O cenário externo é realmente nebuloso.

É essa calibragem sob responsabilidade da Fazenda e do Banco Central que pode determinar o tamanho do sucesso – ou do fracasso – econômico do Brasil nos próximos anos.

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