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Crescer demais pode trazer riscos a bancos, diz revista

Reportagem especial da The Economist diz que existem vantagens na consolidação do sistema bancário mundial, mas é preciso cautela

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

Qualquer lugar para onde se olhe no mundo, há sempre um banco com apetite para comprar um de seus semelhantes. Poucos setores são tão vorazes em fusões e aquisições como o setor financeiro. O americano JPMorgan Chase é um exemplo clássico: a empresa é resultado da fusão de 550 bancos - 20 delas nos últimos 15 anos.

Reportagem especial publicada nesta semana pela revista The Economist mostra que os bancos estão cada vez maiores. O fenômeno é mais intenso nos Estados Unidos, onde os cinco maiores bancos controlam 49% do mercado. Uma década atrás, eles dominavam apenas 29%. A tendência, diz a revista, é mundial.

O crescimento orgânico dos bancos tem uma série de vantagens. A principal delas é o ganho de escala, já que uma única rede pode atender praticamente um número infinito de clientes. Isso sem falar no perigo de ser pequeno: quanto menor, maior a chance de ser abocanhado pelo concorrente. E nesse mercado, todos querem ser compradores.

Mas a grandeza excessiva de instituições financeiras também apresenta riscos. Quanto maior a empresa, mais difícil gerenciá-la. Há o perigo da oferta indiscriminada de crédito, por exemplo. Além disso, quanto maior o banco, pior a queda em uma época de crise. As instituições gigantes têm menos chance de receberem ajuda de governos, diz a revista.

Os bancos, porém, parecem não estar se importando com os riscos da grandeza. E nem têm motivos para isso. As empresas do setor vivem um de seus melhores momentos. No ano passado, os bancos americanos reportaram lucros recordes pelo quinto ano consecutivo, totalizando 134 bilhões de dólares.

O Brasil não é exceção. A Economist destaca o desempenho do Bradesco, maior banco comercial do país, cujo lucro cresceu 80% no ano passado, chegando a 5,5 bilhões de reais. O retorno sobre investimento do banco foi de 35%, o dobro da performance dos bancos europeus, na média. A revista admite, porém, que os resultados do Bradesco, assim como de outros bancos da América do Sul, têm sido beneficiados com uma taxa de juros expressiva. No caso brasileiro, são cerca de 157% ao ano. Apesar do custo, os empréstimos têm crescido de forma acelerada, com 44% de aumento no ano passado. Para a revista britânica, caso os bancos brasileiros queiram ampliar sua base de varejo de forma séria, é preciso acalmar o ritmo de empréstimos.

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